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domingo, setembro 28, 2003

XXVII. Saturday night memories 

Clarões intermitentes, levantam o véu déjà vu.
Sou ofuscado por uma musa dos infernos ou por uma anjo perdido da sua razão?
Se és um anjo, aos céus não regressarás tão cedo. Uma longa estadia te espera no Purgatório. Os “Thievery Corporation” levantam em ti uma aura pecadora. A inocência dessa descoberta, afastam de ti a os epítetos d’um ser emanado das profundezas . Apelas ao melhor da tua sensualidade e embalas-me para um lugar etéreo.
Sou ostensivamente abordado. Causa. Impulsos detectados à flor da pele.
Perdi-te.
Perdi-te para outro que julguei ser eu.

Será este o teu Purgatório?

Perguntam-me clientes amigos: “Ó homem de Deus (?)! Só trabalhas? Não f...?”
Interpelam-me amigos fora do labor: “Pá! Só f...? Não trabalhas?"

Não está fácil desvendar os paradoxos das minudências quotidianas.



PS: Aqui, lêem-se propostas indecentes.

sábado, setembro 27, 2003

XXVI. Punch-Drunk Love 

De entre os filmes que se encontram na lista de espera de barman, “Punch-Drunk Love”, é porventura, o que mais anseio ver. É importante dizer que, se incluem nesse lote, alguns clássicos do cinema, como “The Deer Hunter” de Cimino (as três horas de duração adiam-no), “Persona" de Bergman (gravado por ocasião da exibição na RTP2, daquele espaço intitulado “Filmes da Minha Vida”, no caso, foi o de Maria L. Pintassilgo) ou ainda o "Stagecoach" de John Ford. Gravei-os em cassetes VHS. Possuem até, uma catalogação personalizada. Sei por exemplo que o “Cavalgada Heróica” (título português de "Stagecoach") data de 1939, dura 94 minutos e participam nele Wayne, John Carradine, ou Claire Trevor. Este terá sido o primeiro filme com a dupla realizador/actor, Ford/Wayne.

Uma das razões que alimenta esta ansiedade, tem a ver com o facto de Thomas Anderson (já entrevistado por Carlos Vaz Marques), ser autor de obras como “Boogie Nigths”, “Magnolia” ou (aquele em que participam Philip Baker Hall e o actor fétiche de Kusturica). Com um cartão de visita assim, nem era necessário reflectir. Mas imaginar o que nos reserva a criatividade de Anderson para um tema à volta do Amor, deixa-me em pulgas. E sabe-se, que de um tema como este, ou sai obra memorável ou coisa ridícula.

Mas sou capaz de apostar que este é mais uma pérola para a sétima arte. Made by Paul Thomas Anderson. Se assim não fosse, este homem, ignorá-lo-ia.
Escusado será dizer, que outro mundo, espera por mim...(salvo seja).

sexta-feira, setembro 26, 2003

XXV. Barman nas vindimas. 

Barman encontra-se exausto, mas feliz.

Uma vindima no Douro não será muito diferente de outras regiões vitivinícolas. Talvez o terreno seja mais acidentado. Exigindo por isso maior esforço no seu cultivo. Mas a forma alegre como é encarada a última etapa da árdua labuta vinhateira, particularmente no Douro, leva-me a pensar que este tipo de trabalho não é visto com aborrecimento.
Esta região é dotada, de uma beleza paisagística deslumbrante. É um crime não conhecer esta zona de património mundial.

Pelo que se viu, a produção este ano é grande e de boa qualidade. Não obstante, parece ter um efeito perverso nas “contas”, dos cada vez mais depauperados, agricultores durienses. O benefício concedido para a produção do vinho generoso é menor e o preço por pipa também. Consequências da “impecável gestão” da Casa do Douro.
Esta instituição estatal devia servir de exemplo, para elucidar os mais ingénuos gestores, sobre o que não se deve fazer num empreendimento com estas características. E pensar que deveria defender os interesses de quem elege as suas direcções...

Curiosamente esta região demarcada, celebrizada pelas características particulares do seu vinho generoso, o vinho do Porto. Tem de há uns tempos a esta parte, apostado nos vinhos de mesa. E muito bem. No entanto, é difícil compreender, os preços exorbitantes a que chega a ser vendida cada garrafa. É usual encontrar um tinto encorpado com 13º a preços a rondar os 10/15 euros. Assim é complicado promover o vinho.

Barman aconselha...hmm...não posso dizer. Publicidade aqui, não é permitida. Mas beber um bom vinho, regularmente e com moderação devia ser um prazer obrigatório.

Um brinde. Especialmente para si.

quarta-feira, setembro 24, 2003

XXIV. Oh Gedeão, Gedeão... 

Passou por este bar uma ilustre visita. Pena foi, barman, ter entornado a bebida sobre a sua impecável “indumentária”. Imperdoável. Coisas que acontecem e não deviam acontecer.

Pensar num assunto. Rabiscar acerca dele. Estar seguro da fidelidade à primeira luz. É algo realizável. Julgar que quem o lê o irá interpretar da forma desejada. É pura ingenuidade. Barman retracta-se.

Acreditava eu, poder ver para além de uns rabiscos pregados num disco. E admirar a coexistência pacífica num só homem, da elegância, da inteligência, do humor e até da arrogância... Que presunção a minha.

Dele (ou do conceito que se tem dele) espera-se sempre mais. Quando nos primeiros posts li aquela sugestão “À semelhança do IRS dos políticos, aos cronistas deveria ser exigida e tornada pública a declaração anual de relações pessoais”. Pensei. «Isto promete».
Mas humilhar publicamente um “desenganado da vida”, era coisa que não lhe conhecia nem previa. Daí a desilusão.

Parece que o homem, não vê mal algum, em promover o enxovalho público de uma peculiar criatura. Sente-se sim, ofendido por barman ousar comparar o seu gesto ao que Herman protagonizou com o “emplastro”. O “emplastro” não é o J.H.F. Da mesma forma que o Herman não é o A.G. A desproporção parecia-me suficiente para demarcar valias. Raios partam a “inspiração” que inquinou tudo. Logo agora que tomava coragem para lhe pedir um autógrafo.

Reforçam-se as razões (face aos escassos recursos retóricos de barman), para prolongar em banho-maria, as "postas" que daqui saem. Sob pena de ser lido de forma enviesada. Coisa que não se deseja.

Curioso título aquele, “Merda Filosofal”. Espero que não se tenha manchado.



Nota 1: Algumas pistas sobre a “natureza” de JHF. Vejam-se os comentários feitos neste blogue.


Nota 2: Ía colocar o poema do Gedeão mas a sombra até de noite tem vida...

segunda-feira, setembro 22, 2003

XXIII. Ela, os copos e o golo. 

Barman, dormitava com a mecanizada tarefa. Isto de limpar copos, tem muito que se lhe diga. Só quem passa por elas é que sabe, o que uma simples manchinha de detergente pode fazer a quem se sente dono do melhor humor do mundo.
Tudo bem. Concedo.
Não ajudou muito a ânsia desesperante pela chegada daquela... Daquela...Hmm... Bem...Não sei se diga. Ela pode ouvir. Ela não sabe. E eu não quero que ela saiba. Ou melhor. Querer até queria...
Não!
Não posso conceder um milímetro à minha estratégia. Sem a realizar não chego a lugar algum.
Isto de passar da teoria à prática... Ó meuza migus... Tem muito que se lhe diga.
É como limpar copos.
De início parece fácil. Aquilo é chegar, ver e fazer. Depois.
Depois.
Depois. Aborrece.
Aborrece a insistência. «Tens de acabar isto. Tens de fazer aquilo. Tens de acabar isto. Tens de fazer aquilo...»

GOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLOOOOOO!!!!!

E uma alegria irracional invade o espírito aborrecido.

sexta-feira, setembro 19, 2003

XXII. Falinhas mansas 

Lembrando o dito, “m’espanto as vezes, outras m’avergonho”.

Como o tempo não dá para tudo, é natural passar à margem de certas situações do quotidiano. Ajudem-me os estimados leitores a interpretar o que se segue. Acabo de assistir às provas de selecção do programa televisivo “Ídolos”. Gerou-se a dúvida. As referidas provas são reais ou forjadas?

Sabendo que se vive neste país, com a ilusão que tudo tem de ser resolvido com falinhas mansas, afinei o ouvido para aferir do que realmente se passava diante dos olhos. Sabem aqueles mais experimentados na vida, que esse é, seguramente, um dos factores atávicos ao desenvolvimento do país. Tornear o essencial para não ferir susceptibilidades é a especialidade aqui do “burgo” (porventura vêm daí os bons resultado da lusa diplomacia).
É crucial para o crescimento individual e colectivo ter a noção das virtudes e dos defeitos. E olhar de frente para eles. Para isso é necessário um sistema que saiba diagnosticar as falhas e as potencialidades e que depois ajude a minorar as primeiras e a desenvolver as segundas.
Este podia ser, o objectivo de uma ou mais legislaturas governamentais. E quando se fala em diminuir para metade, no espaço de sete anos, a distância que separa o país dos parceiros europeus em termos de produtividade, mais não se está, do que a tocar na coisa (pipi, desculpa o plágio).

Barman atreve-se a dizer que alguns, dos que leram o post até aqui, já vociferam contra autor de tão insensíveis rabiscos. «Não me digam que este tipo vai dizer que o programa televisivo tem um carácter pedagógico?!».

Claro que não. Estarrecido fiquei ao ver a forma como foi “despachado” um dos concorrentes. Com toda a virtual audiência televisiva a assistir. Só faltou dizerem “Opah! És uma merda. Se fosse a ti matava-me”.
Como dizia o “Remédios”: não havia "nechechidade". Há incontáveis maneiras de dizer não.



PS: O Homem a Dias desiludiu-me. Então, não é que se inspirou no Herman e colocou à vista de todos mais um case study?! Oxalá me engane. Mas parece-me que os suicídios vão aumentar nos próximos tempos.

quinta-feira, setembro 18, 2003

XXI. Holofote 

O incontornável Mata-Mouros concedeu-me a honra de mais um dos seus prémios semanais. Mais uma vez (e com atraso), envio daqui os meus júbilos por tamanha distinção e relembro o que escrevi no post IX.

Não posso esquecer também, os segundos de fama que me proporcionaram, o mal e o explicador. Eles que, por razões distintas, passaram pelo meu humilde mas digno bar, levando consigo um cartãozinho de visita. Cá vos espera a bebida do costume...

Barman vê-se na obrigação de confessar a existência de um enorme escolho à sua coerência. Aqueles de quem gosta e respeita são omitidos da sua mira mais vernácula. Não sabe tornear o dever de ser grato para quem lhe oferece o melhor de si.

Não se tirem daqui conclusões precipitadas. Simplesmente, barman não quer se acusado de ser homem de duas caras. E não pretende hipotecar, em hipótese alguma, a sua candidatura a presidente da junta...

domingo, setembro 14, 2003

XX. Desabafo resignado 

É curioso notar que, o resultado final de alguns posts aqui colocados, têm qualquer coisa a fazer lembrar o monstro de Frankeinstein. Pratica-se o modo de "postar", mas custa acertar no certo tom desejado para eles. Estendendo aqui, truncando ali e esgotando a paciência, faz-se a publicação do post. Resultado. Saem verdadeiras amálgamas, próximas de uma sopa de letras. Pobre de quem “leva” com o chorrilho de palavreado. Mas o que está escrito está dito. Mal ou bem, assim permanece. Salvo algum retoque que lhe preserve o significado.

PS: Há por aí uns mariolas que procuram por estas bandas “tv cabo+canais +desbloqueadores". Não percam o vosso inestimável tempo. Daqui , quando muito, levam uma boa dose de pasmaceira, imiscível com os vossos interesses.

sábado, setembro 13, 2003

XIX. 11 de Setembro e blogues anónimos 

Aproveitando um intervalo na sua labuta, barman debruça-se sobre a manchete de quinta-feira, do jornal “Público”. Observa o destaque dado ao 11 de Setembro chileno, e dá conta das diversas reacções que gerou nos últimos dias, em particular na blogosfera.
Independentemente da opinião que tenha pelo paralelo protagonismo dado aos dois factos, releve-se o interesse que teve para alguns (onde me incluo), reavivar a memória dos acontecimentos desse longínquo 11 de Setembro, vivido em terras chilenas. Digo isto, pois ignorava muito do que foi relatado nos artigos dedicados ao assunto. E sob esse ponto de vista, revestiu-se de um carácter formativo.

Mas, o que mais sensibilizou este modesto barman, foram dois textos publicados no “Público”. Um (editorial) do director do “Público” e outro de Miguel Sousa Tavares.
Em relação ao primeiro, devo dizer, arrepiou-me ler aquele dito, atribuído a Hugo Grotius, sobre “a legalidade de matar aquele que se está a preparar para matar”. Compreendo a necessidade de se reforçarem as teses que levaram os americanos a terem de agir. Mas causa-me grande confusão dissolver este tipo de expressões. Repare-se, seguindo o dito à letra, torna-se complexa a averiguação de tais intenções. Como é que se faz essa análise e como é que se toma essa decisão? Não queria estar na pele de quem decidisse pela vida de outrem, sem estar rigorosamente certo das intenções alheias.

Em relação ao artigo de opinião de Sousa Tavares, o que me leva a referi-lo, baseia-se no que foi escrito no quinto ponto do seu texto. O uso do anonimato via internet.
Não se pode aceitar que todos sejam tratados, como se fizessem parte do mesmo grupo. Uma coisa é fazer uma espécie de ensaio sobre o quotidiano, outra, completamente diferente, é tecer graves acusações a sujeitos concretos sem estes se poderem defender. No que concerne aos últimos, perfeitamente de acordo com os argumentos invocados. O que custa a digerir, é esse género de intolerância para com os blogues anónimos que vai proliferando por . Retiram-lhes a credibilidade e julgam-nos cobardes. Se há coisa de que barman não pode ser acusado, é de falta de intrepidez . Cobardia é coisa que não habita, nem habitou, por estes lados. Medo, sim. Mas as fronteiras distinguem-se bem (na minha perspectiva, claro). Se um dia virem barman acusar ou difamar alguém, sob a capa do anonimato e sem demonstrar o que afirma, apontem-lhe o dedo. De outro modo reafirmo o que disse nos posts IV e XII.
Aliás, penso que em última instância, os prejudicados são os autores. Se estes revelarem algum tipo de talento escondido e quiserem fazer uso dele, podem vir a encontrar problemas em provar a sua autoria (lembro-me deste, daquele e de daqueloutro).

Desde que frequento a blogosfera (vai para um ano), que este meio de comunicação me pareceu bom demais para ser real. Apesar dos maus humores pontuais para com a blogosfera (ver post VIII), o facto é que vislumbro no mundo dos blogues, aspectos positivos que não julgava existirem neste país
Temo estar a iniciar-se o processo, para legitimar o controlo superior da blogosfera. Se assim acontecer, acaba-se com a sua essência.

Só para terminar, descortinei no artigo de Tavares alguma incoerência. Então se “a única resposta digna e possível às acusações anónimas é ignorá-las, esquecê-las e não as reproduzir”, porque é que deu tamanho destaque a tão ignominiosos autores?



PS: Barman é, desde há muito, um indefectível seguidor e admirador do trabalho de Miguel Sousa Tavares. Alguns exemplos: Grande Reportagem (desculpe-me Francisco mas perdi uma certa imagem que tinha da GR, valeu-lhe aquela tirada dos livros da “Asa” para manter a fidelidade); artigos de opinião do “Público”, de “A Bola”; programas televisivos como. “Terça à Noite”, “Viva a Liberdade” e (aquelas entrevistas que repartia com a Margarida Marante. Crossfire?). E há dias, saíram-me uns euros do bolso para iniciar um romance...
Portanto, tenho habilitação para dizer, que não lhe conhecia este tipo de incoêrencias.

PS2: Vejam a desfaçatez deste barman ;)

quinta-feira, setembro 11, 2003

XVIII. É Bom. É Mau. É Chatwin. 

É bom saber que o mundo não é preto e branco.
É mau negar que existam mais cores, mais tons, mais formas de conjugar as ditas e de não ser exactamente igual.
É bom conhecer gente que logo se ama ou logo se odeia, por não saber fugir às suas razões de ser.
É mau perder um herói real que habitava há muito o nosso imaginário.
É bom ouvir uma história bem contada.
É mau não reconhecer o devido valor de alguém.
É bom saber que Bruce Chatwin viveu e fez viver.
É mau não se deixar seduzir por Chatwin e reduzi-lo a um “travel writer” mentiroso.
É bom ler, reler e ser encantado pelo talento de quem fez o que lhe deu na real gana.
É mau interromper uma viagem no seu prólogo, para pagar o preço de uma vida errante.
É bom saber que Chatwin não morrerá tão cedo.
É mau sentir o enfado de quem se julga único encantado de Bruce.
É Chatwin, o mestre do encantamento das almas.



PS: Sobre 11 de Setembro, que falem os outros. Barman será um leitor atento.

terça-feira, setembro 09, 2003

XVII. Luís Afonso passou por aqui? 

Vejo o Bartoon de segunda-feira no “Público”:

Cliente – Se for ao meu blog pode ficar a saber tudo o que penso sobre os últimos acontecimentos.

Barman – É para já.

Cliente aguarda alguns momentos.

Cliente – Então que tem a dizer?

Barman – Várias coisas. Escrevi tudo no meu blog.



PS: No post anterior, por lapso, atribuí a autoria de um trabalho no “Público” a Alexandra Lucas Coelho quando o deveria a atribuir a Alexandra Prado Coelho. O seu a seu dono.

terça-feira, setembro 02, 2003

XVI. Ameaças esquecidas pelo mundo 

Barman é ignorante. E como “bom” ignorante também é desconfiado. Desconfia da informação dita de referência, desconfia das opiniões dos expertos da retórica, desconfia da esmola (blogues à borla? Hum!!!), desconfia das suas próprias opiniões, quanto mais eloquentes parecem, mais desconfia...
Barman vive permanentemente na sua incerteza (lembrados sejam), mas, como já ouviu ao falecido Mourão- Ferreira, arranjam-se umas certezinhas para contornar a dúvida.
Se a incerteza é permanente, as perguntas são mais que muitas.

É incompreensível na perspectiva deste modesto barman (para refrear o desconforto de sentir no eco da própria voz, laivos de arrogância), olhar para as agendas políticas e não ver nas suas prioridades, os prementes problemas das várias sociedades que compõem o mundo.
Alexandra Prado Coelho, num trabalho intitulado “As Ameaças Esquecidas pelo Mundo” elaborado para o jornal “Público” no dia 20 de Julho do corrente ano, conseguiu tocar na questão em cima referida.
Aí enumeram-se dez questões que não estão a receber a devida atenção da comunicação social e da opinião pública e que tendem a ser esquecidos ou ignorados:
- O muro que está a ser construído entre Israel e a Cisjordânia;
- A sida e os exércitos africanos;
- A diminuição da população russa;
- A divisão hindus-muçulmanos;
- A guerra de água do Indo;
- O eixo Teerão-Nova Deli;
- Os Golias da indústria de Defesa;
- A guerrilha urbana;
- Ataques anti-satélites;
- A falta de porta-aviões (este problema coloca-se na óptica de defesa norte-americana conhecidas as intervenções simultâneas em variados pontos do globo).
Estas interrogações foram levantadas por dez analistas do think-tank RAND (seja lá o que for) a pedido da revista norte-americana "Atlantic Monthly" que pediu a estes para escolherem alguns assuntos que os preocupam e aos quais está a ser dada pouca atenção.
Na mesma peça jornalística, algumas personalidades portuguesas são também chamadas a darem o seu contributo e são referidas, entre outras, as seguintes preocupações:
- A demografia e as ambições da União Europeia;
- As tecnologias de modificação genética;
- Guerra contra a cultura e a natureza.
Só com estes três temas, podíam-se iniciar discussões infinitas e organizar os mais diversos eventos.
Mas tomo a liberdade de destacar duas questões. Para as quais são insondáveis as razões que as ausentam da ordem do dia. E que deviam ser permanentemente discutidas. Tanto pelo poder político como pela opinião pública.
Fala-se da demografia e da consequente pressão sobre os recursos naturais.
É de todo inconcebível alimentar padrões de vida, como os que possuem grande parte dos países do hemisfério Norte, ao sabermos do crescimento demográfico dos países do Sul e de todos os problemas que isso acarreta. Pior. Como é possível seduzir civilizações para o estilo de vida ocidental se racionalmente é manifestamente impossível realizar tais anseios?
Para formar uma ideia, elabore-se o seguinte exercício. Imagine-se cada família chinesa a usufruir da comodidade de um automóvel, de um frigorífico, de um micro-ondas, de um aquecedor, de um televisor, de um telemóvel...E faça-se agora um estudo sobre o impacto desta situação nos recursos naturais e no ambiente?
Fervo de curiosidade para saber dos resultados de um estudo assente nestes pressupostos.
Não pensam nisto? Não se preocupam com isto?
Pessoalmente não consigo conceber nenhuma forma de desenvolvimento de uma qualquer sociedade em particular, menosprezando as demais sociedades. Tudo o processo de desenvolvimento de qualquer país tem de ser feito em consonância com o interesse de todos. Não consigo ver outra forma de desenvolvimento. O processo de globalização é um motivo adicional que reforça (ou devia reforçar) esta perspectiva de desenvolvimento conjunta e concertada.
É neste contexto que aumentam as preocupações acerca da pressão demográfica e sobre a suas nefastas consequências. Que se fazem sentir numa primeira fase e de forma brutal nos países mais carentes.
Quem se preocupa com os mais desfavorecidos tem de resolver a equação demografia / recursos / sobrevivência.


ouvidobarman@lavache.com

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