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sábado, agosto 30, 2003

XV. Espelho meu... 

O Ripas é daqueles amigos que, quando requerido a emitir opiniões, deixa o mais preparado dos interlocutores num contínuo desenrolar de “Améns”.
Há dias resolveu parodiar com o barman de serviço.
- Então rapaz! Parece que tens desencravado a língua por aí. Ou melhor as falanges. Muito bem! Desconhecia era esse teu talento para imitares o nosso Presidente. Aquela tirada do: “Há um grupo de preconceitos que inquinam a desejável democratização da expressão do pensamento”, foi sublime!
Bem, aqui o barman desfez-se em considerandos - Isto é uma maneira de praticar o português, de estruturar ideias e por aí fora. Barman já se sentia satisfeito por Ripas não prolongar a sua observação. Mas este continua.
-É bom reconhecer que ainda tens de pedalar um bocadito para conseguires expressar uma ideia de forma estruturada e bem escrita. E que dizer daquele título, “Impessoalidade e Ideias”? Por momentos julguei estar a ler o Boaventura S. Santos. E há por aí muitos assuntos que bem podiam ficar esquecidos, algures na massa cinzenta. Que história é essa de vincares o teu “portismo” e achincalhares o glorioso? Um barman não tem clube, não se manifesta, abstém-se do uso de opinião. Um barman é por natureza congraçador - discorria em tom jocoso.
– E, caro barman, sabes que nutro por ti profunda consideração - «Certo, certo, acabaram-se os números de telemóvel das meninas “sveltess”» - pensou barman. - Mas sabes que deambular por terras desconhecidas pode reservar um mar de incertezas e de perdições. - «Paternalismo, a esta hora? Por hoje “no more” daiquiris».

-Sabes B., tenho aqui um bico de obra. Uma menina de boas famílias, acabou de me enviar a seguinte mensagem: N keru acordar c/ mana ao lado. Tété tá q n pode. Lili over c/ Alberto. Conto ctg. Jinhu! Lu.
- Então qual é o problema? – pergunta B.
-Sabes bem qual é o problema...
-Ah! Isso! Compreendo. Tenho um amigo que me disse qualquer coisa como isto:
“Deambular por terras desconhecidas, pode reservar um mar de incertezas e de perdições”...

quinta-feira, agosto 28, 2003

XIV. “FatBoys” 

Como amante de futebol, barman já havia reservado um espaço para dele aqui falar. E sendo o tema mais falado pelas nossas bandas, resolveu abrir-lhe um cantinho neste humilde blog. Mas não proporcional ao seu real impacto.
Pensei, bem, de sete em sete “posts” falarei de futebol. Não! É melhor de dez em dez “posts”. Passadas treze “postas”, nada. Tem que ser hoje e calha bem (afinal uma equipa tem onze jogadores, há o décimo segundo jogador que é o árbitro, o décimo terceiro que são os auxiliares e por último o décimo quarto, o público).
Barman que se preze deste país, tem de gostar de futebol. Mais importante. Tem de falar de futebol. Mais importante ainda, tem de ser benfiquista. Para mal dos seus pecados, este barman é um indefectível portista. É complicado, muito complicado ser portista. Mas já foi pior.
Este fim-de-semana futebolístico revelou algo que, andava no ar, mas ainda não estava confirmado. O F.C.P. já consegue arrancar aplausos onde antes ouvia apupos e era apedrejado. Isto só prova que aquilo que parece irremediavelmente imutável no futebol, pode evoluir.
Reconheço que boa parte do ódio que este clube provoca por esse mundo fora (digo mundo porque boa parte dos “seis milhões” vivem além fronteiras), provém de uma forma muito peculiar dos seus dirigentes defenderem a sua dama. Foi, porventura, compreensível na altura de quebrar a hegemonia dos clubes de Lisboa. Hoje é de todo contraproducente. Apesar disso, o meu clube continua a não mexer com os corações da nação como o faz (ou fez) o arqui-rival Benfica. Basta imaginar o que não seria substituir o nome F.C.Porto nos títulos alcançados esta época, por S.L. Benfica. Era o delírio absoluto. A crise que por aí se apregoa seria apenas uma situação pontual.

Constatei com surpresa que o género de adeptos dos três grandes, não representam aquilo que pensava há tempos atrás.
Seguia e sigo o fenómeno benfiquista, a equipa de futebol, admirava muitos dos seus treinadores, nomeadamente Eriksson que respirava classe e fair-play, num mundo adverso para tal. E julgava os adeptos benfiquistas como esses treinadores. O tipo de adepto modelo. Esta visão era reforçada ao cruzar-me com alguns adeptos do meu clube. Verdadeiros “grunhos”.
Foi com espanto que assisti por via de um pré histórico televisor de uma casa alentejana com vista para a “fulminada” Serra de São Mamede (isto só para dizer, que já estive em Castelo de Vide e me dói pensar no que aconteceu à Serra das águas “Vitalis”), à derrota do Benfica frente ao Rio Ave. Três bolas a uma. Era Manuel José o treinador encarnado. O intocável Benfica caía. E com a queda se viu o pior dos benfiquistas. Presidentes demagogos e habilidosos; assembleias de clube “seguras” por “body guards” e própria aos impropérios; festas de futebol transformadas em sangue nas bancadas (esta tive oportunidade de ver ao vivo e falarei dela noutro post).
Os adeptos do Sporting que mesclam entre si o adepto popular com o adepto mais elitista, confirmaram aquilo que sempre pensei deles. Querem ver é bom futebol e entrega dos seus jogadores (daí se justifiquem aquelas enchentes durante dezoito anos de jejum, chegavam a ter médias de vinte e cinco mil adeptos por época no seu estádio). Os resultados virão por acréscimo.
Os adeptos do Porto são, em boa parte, saloios do norte do país, outra boa parte são adeptos proveniente das zonas pobres da cidade, outra parte significativa são oriundos da pequena e média burguesia e sobram alguns nomes de vulto e mais uns adeptos que são hoje do Porto como seriam do Benfica se estes estivessem no caminho das vitórias. Estes dão exemplos de sã convivência interna mostrando-se capazes (não julgava possível) de aplaudirem ex-atletas do clube que alinhem em clubes rivais.
Os adeptos benfiquistas são capazes de se afrontarem entre si, de assobiarem os futebolistas do próprio clube, de vituperarem quando o sua equipa deixa de humilhar outra que já perde por cinco zero e têm sobre eles uma desmesurada dimensão de grandeza. Rangel chegou a dizer que o Benfica é maior que portugal (o pê minúsculo não é um erro ortográfico, o Benfica também tem força na ortografia).

Sobre futebol, barman já leu alguns “posts” interessantes, no aviz de Francisco José Viegas (ilustre portista), no Desejo Casar, ou no Homem a Dias.



PS: Como adepto do F.C. Porto que sou, será justificável algum excesso de parcialidade. Miguel Sousa Tavares também se ressalvou no início das suas “Nortadas” na “A Bola”. A imparcialidade no futebol é um mito?

segunda-feira, agosto 25, 2003

XIII. Ser ouvido 

Não devesse lealdade a quem clama por um ouvido, e histórias havia a explorar. Mau grado, muito do que ouve se dilui no imenso campo das memórias. Ainda bem.
É bom lembrar as sensações de felicidade da vida, mas é bem mais importante não ser perseguido pelas negras recordações do passado. São demasiadas as palavras que ficam encravadas no interior de cada um de nós, e que teimam em não se soltar ao mundo.
Muitos precisam de dizer. Poucos sabem escutar.
É reconfortante saber que o simples acto de ouvir sem nada dizer, pode fazer toda a diferença.
Sei que sou ouvido de quem devia ser ouvido, mas não por mim.
Sei que era bom sentir de novo a ingenuidade da inocência para disfarçar o rosto do prenúncio tormentoso e sombrio.
Sei que sou a última companhia de um espírito suplicante a quem empresto o meu silêncio.
Só não sei dar a resposta, que todos desejam ouvir...

domingo, agosto 24, 2003

XII. Impessoalidade e ideias 

Depois de servidos uns G&T num fim de tarde calorosamente agoniante, barman viu-se obrigado a providenciar umas gemadas anti ressaca. Não sabe como é que a coisa se desenrolou. Certo é que, quiçá, pelo espírito ébrio, dissolveu mal o seguinte devaneio: “(...)cuja verdadeira identidade é desconhecida, procedimento aliás habitual nos carrascos, que assim evitam constrangimentos na sua vida social”, escrito no Glória Fácil (ou Gl?ria F?cil, decidam-se).
Eventualmente, estarei a fugir ao contexto do dito, mas ergueu-se a questão da impessoalidade na blogosfera.
Obviamente, que o autor (João Pedro Henriques), não pensava neste modestíssimo prosador (que pretensão a minha), não obstante, barman sentir-se visado no comentário.
Como é sabido, nem todos exercem o respeitável e imprescindível ofício de J.P.H. e, não têm por isso, as mesmas obrigações éticas inerentes ao exercício do jornalismo. Não há ninguém que defenda mais que do que barman, debates de peito aberto (ver post nºIV). Barman, como ilustre desconhecido que é, não observa a mínima diferença no uso de um nickname ou da verdadeira identidade. No contexto “blogosférico” é igual ao litro, mas não diz desta água não beberá... O algoz não é definitivo.
A propósito do assunto o farol já havia dito “Claro que há excepções, e essas excepções funcionam exactamente ao contrário nesses blogues só há o autor(a) e o resto é que é abstracto. Vejo a pessoa viva atrás. Mas acontece com menos blogues do que os dedos de uma só mão. A blogosfera é , para mim, impessoal.”

Barman sabe que a exposição tem consequências perversas e não vê necessidade de usar o BI para conferir maior ou menor seriedade às divagações aqui expostas. Não faz sentido.

E o que custa a digerir é esse hábito, bem enraizado no país, de se dar demasiado valor às pessoas em detrimento das ideias. Não me levem à letra! Falo de um modo geral, nada de más interpretações. É bom lembrar que este país, acredita em homens providenciais.

Chega-me à memória um exemplo simples que acho eloquente.
O Arq. Gonçalo Ribeiro Teles anda há décadas, décadas a defender uma outra forma de abordar o ordenamento do território, tendo inclusivamente avançado com projectos concretos. E o que observamos, a começar pelo nosso número um, passando pelo presidente da capital e acabando sabe-se lá em quem, é essa espécie de paternalismo traduzida num: -Sim, é bom homem sim senhor, mas isso é complicado, sabe... o país é assim, é assado... Olham para o homem e validam ou não a ideia. Fossem os mesmos assuntos defendidos por um grupo liderado por um eng. Azevedo e porventura as consequências seriam outras.

Resultado, pelo que se vê e lê, essa união de facto entre poder local e construtores civis (um dos piores males pós 25 de Abril), há-de ter consequências que ainda não são de todo visíveis. Basta lembrar que o país se vocaciona para o turismo. É no mínimo pouco inteligente desprezar ideias como as do Arq. Ribeiro Teles.


PS: Sei que boa parte dos blogs, quando surgem, fazem eco via e-mail do seu nascimento. Aqui o barman achou por bem, entre outras coisas, fazer ou não fazer determinadas acções. Uma delas foi não enviar e-mails para fins de marketing. Teimosias. Até hoje só enviou dois e-mails. Um deles foi para o Glória Fácil a propósito da TSF. Devem-me ter em muito boa conta. Não deram cavaco nenhum.

quarta-feira, agosto 20, 2003

XI. Conversas no ar 

- Quem?
- Esse mesmo.
- Mas...B.! Ele não é o mesmo que esteve...
- Sim!
- O tipo só teve o que merecia. Quem se mete nelas arrisca-se.
- Não diga isso Sr. Z., ele parecia ser boa gente.
- Boa gente? Qual boa gente, aquilo era um bom actor, astuto, sem escrúpulos, sedento de protagonismo.
- Olá B.! Tudo bem Z.?
- Olha o T!
- Então já sabes? Morreu o ...
- Sei pois! Coitado. Não o conhecia bem mas parecia um tipo decente.
- O Sr. Z. não pensa assim...
- Então Z.? O gajo tinha-os no sítio, sabes disso.
- Qual quê? É por isso que este país há-de ser sempre o país dos heróis mortos. Uns sorrisos para jornalista ver, prosápia q.b., olhar duro quando visto de perfil, no lugar certo no tempo certo e está feito o intrépido personagem.
- Oh Z.! Cinismo não soa bem contigo...
- Opah! Não me venhas com tretas. Sabes bem como a coisa funciona. O gajo tinha ar de duro. E até podia ser. Mas, depois de morto isso é coisa que não se questiona por aqui. É herói, é herói, é herói e assunto arrumado. Este tipo de sentenças de carácter, para o bem ou para o mal, pode durar até à eternidade...
- Z.! Z.! Z.! Não morrem todos os dias engenheiros com tijolos na cabeça a salvarem trolhas...
- Ouçam! Ouçam senhores! Morreu Sérgio Vieira de Mello!
- Xiii! Esse é que era um homem a sério. Daqueles que não engana ninguém. Que vai para guerra sem querer saber onde ela se desenrola. Daqueles...
- Hossana! Hossana! Caro Z., um bocadinho de coerência não te faria mal. Gostava de ver se este tivesse arrastado a asa pela C. ...
- Naaaa! Homens como este não se metiam por caminhos ínvios.
- Z. Será necessário lembrar-te que ele também era feito de carne e osso?


Assinale-se:
Qualquer semelhança com factos ou situações reais, é pura coincidência.

terça-feira, agosto 19, 2003

X. Povo e televisão 

É complicado ter a verdadeira noção de certos acontecimentos, abstraindo-se da televisão. Consequência de múltiplos factores, barman, deve ser dos poucos portugueses que não viu as imagens do “apagão” norte-americano. Hoje, parece que passaram imagens de chuvas torrenciais do país vizinho e barman...népias. O pior é que nem que quisesse ver as ditas imagens dificilmente conseguiria. Usufruindo das frugais possibilidades disponibilizadas pelos quatro canais generalistas, resta-lhe resignar-se às condições proporcionadas por estes. Depois de uma breve observação da programação, repara que depois das 22 horas, só a RTP oferece um serviço noticioso. E bem poupadinho...
Claro que há a tv por cabo ou a tv via satélite, mas isso tem os seus custos económicos.
Bem gostaria de poder ver a SIC Notícias. Um canal português com serviços noticiosos actualizados, com debates sobre diversos assuntos e com intervenientes habilitados para tal. Barman já se contentava só com este, mas...

Isto por si só vale o que vale. Podia ser visto como um caso pontual e teria a importância devida. Certo é que, rebuscando um pouco mais o assunto, conclui-se que o povo não tem ao seu dispor, um serviço noticioso decente e acessível. Isto no que concerne à TV, porque ter ainda vai tendo. Penso na TSF, mas por aí o futuro também é nebuloso.

Outro factor inquietante tem a ver com as consequências que tal situação pode acarretar para o povo. Um maior alheamento deste pelo que é, de facto, importante. E quando se fala de povo, pensa-se naqueles grupos que ainda são sensíveis à mudança. Pensa-se naqueles que ainda podem ser formados e fugir ao processo de “estupidificação”.

Será que algum sociólogo tem noção, da verdadeira revolução provocada pelo aparecimento dos canais privados de televisão? E concretamente de alguns programas da SIC como o “Terça à Noite” ou “Noite da Má Língua”?

O “Terça à Noite”, como se recordarão os mais atentos, era um programa de debate com convidados a alternarem consoante o tema. Tinha como moderador Miguel Sousa Tavares e comentadores fixos, António Barreto e... José Pacheco Pereira.
Este programa a começar pela sua estrutura e ritmo, passando pelo rico leque de temas debatido (como a eutanásia) acabando nos cenários, (quebra absoluta com o cinzentismo da RTP), ofereceu ao povo momentos inolvidáveis de boa televisão. Recordo ainda, temas lançados em debate que foram verdadeiros “desbloqueadores” de conversa nos dias posteriores ao programa.

O “Noite da Má Língua” era na sua estrutura e concepção completamente distinto do Terça à Noite. Reconheço momentos menos felizes do programa, mas no cômputo geral constituiu algo de absolutamente delirante para mentes ávidas de mudança. Tinha como “moderadora” Júlia Pinheiro e do seu quadro fizeram parte nomes como Miguel Esteves Cardoso, Rui Zink, Luis Coimbra, Alberto Pimenta, Manuel Serrão, Fernando Alves...

Vivia Portugal em pleno cavaquismo.

segunda-feira, agosto 18, 2003

IX. Holofote 

Mata-Mouros, resolveu colocar este discreto barman nos olhos do mundo.
Depois do último post aqui colocado, a coerência leva-me a dizer que a partir de hoje qualquer adjectivo que use para classificar Mata-Mouros, será mais do que parcial.
Dito isto, caros fiéis, novos, casuais leitores: quem quer conhecer esta “nova” realidade virtual, tem de obrigatoriamente passar por Mata-Mouros.
A melhor retribuição que posso dar a Mata-Mouros é vincar o facto de estes, sem conhecerem absolutamente nada deste barman a não ser os rabiscos aqui colocados (nem um “e-mailzito” enviei), me colocarem como a revelação da semana. Corajosos são eles. Ouvido de Barman ainda vai manchar o vosso merecido e crescente prestígio.
Esta rodada é por conta da casa.
Fiquem bem!

VIII. À luz da blogosfera 

Barman não julga que quem usa este extraordinário canal de comunicação, tenha como objectivo o monólogo (Marcelo Rebelo de Sousa há só um e chega). Mas procura sim interagir com os demais utilizadores, ver novas perspectivas, ser contrariado nos seus pareceres, obter informação complementar... Em suma, descobrir várias formas de olhar o mundo enriquecendo o seu universo cognitivo.

Barman observa a “blogosfera”, como um enorme ponto de encontro. Um grande bar. Um lugar onde o que se pensa, serve de cartão de visita. E menos susceptível ao engano, porque todos se vêem para além de um corpo mortal.

Mas nesse bar, como no mundo, há de tudo um pouco. Os pobres de espírito, os iluminados, os enganados, os espertos, os vingativos, os paternalistas...

Barman confessa alguma desilusão pelo que, tal como acontece no micro mundo social português, se infere da observação da “blogosfera” portuguesa.
Há um grupo de preconceitos que inquinam a desejável democratização da expressão do pensamento. Seja ele mais elaborado, mais consistente, mais científico ou não.
Deve ou não ser levada a sério a opinião de quem, fruto das suas específicas circunstâncias de vida, emita um qualquer estado de alma, a todos os níveis revelador de ignorâncias várias, mas apelativa de uma necessidade de denúncia?
Não se está a pensar em demagogias, já de si reveladoras de um lado perverso de quem as profere. Pensa-se sim, se não será um dever, dar voz a quem precisa dela e a quem possa acrescentar algo de novo a um determinado assunto.

Foi com grande entusiasmo que se leu no Homem a Dias, o post “Amizade Perigosa” revelador de um mal entranhado nos artigos de opinião do nosso país. Defendia o autor do blog, (...)À semelhança do IRS dos políticos, aos cronistas deveria ser exigida e tornada pública a declaração anual de relações pessoais. Ao menos perceberíamos de quem se fala quando se fala da «grande promessa que o parlamento revelou» ou desse «ministro emocionalmente débil, tendencialmente autoritário e um acabado cabrão».
Já conhecia, por intermédio de jornalistas, a salgalhada ética denunciada em off the record por muita boa gente da meio social português. Barman já conhecia o desonesto uso de um espaço de opinião para servir interesses diversos. A chamada escrita por encomenda. E viu na blogosfera um sinal de que algo podia mudar para melhor neste campo.
Hoje começa a ter sérias reservas ao observar na blogosfera portuguesa, entre outras coisas, uma espécie de sobranceria intelectual ou até de carácter de uns sobre outros.
E note-se, não se está a pensar em Pacheco Pereira que tem usado da idoneidade possível para minorar o ruído deste canal de comunicação. E ele seria dos poucos a quem se compreenderia uma altivez no discurso.

Partilham a mesma preocupação?

sexta-feira, agosto 15, 2003

VII. Momento 

Pediram-me lume.
-Com certeza!
Percorreu-me o espírito com dois segundos de olhar.
Puxei da carteira de fósforos.
Um? Só um?
Pânico! Não podia falhar.
Não me ajudou e intimidou-me com um cerrar de olhos.
Desvaneci. Ela era igual a tantas outras
Pior! Fez-me crer que não era.
Risquei o fósforo com a segurança e o à vontade de sempre.
Não fosse uma brisa apagar o momento e, sinto o calor das suas mãos afagando as minhas. Só um toque. Um breve encontro de almas.
Era ali. Naquele momento, naquele sítio.
Não podia estar em mais lugar algum...

quinta-feira, agosto 14, 2003

VI. Causas - TSF 

Vida de barman é dura. Ouve o que não quer ouvir e cala quando queria falar.
O pior exemplo vem da rádio. Se ouvir Natking Cole, Miles Davis ou Robert Wyatt não merece qualquer reparo, já não se pode dizer o mesmo, quando se ouvem doses industriais de João Pedro Pais com a justificação de se estar a promover a música portuguesa. Pois...
Claro, nesta área há sempre pior. É com este argumento que muitos, que não os piores, se julgam bons. “Nós não somos pimbas!” afirmam orgulhosamente. Pimbas não serão. E saberão cantar? Alguns até sabem. Acrescentam alguma coisa ao panorama musical?

Bem, sabido é que a TSF não se deixa levar por “dá cá duas cantigas”. Mesmo que a música não seja a primeira prioridade da estação radiofónica, reconhecem-se o seu bom gosto e diversidade musical. Basta seguir programas como o "Jazz Avenue", "Íntima Fracção" ou a “Aposta TSF” para se ter uma ideia.

Excluindo a Internet, barman só tem possibilidade de ouvir uma rádio de qualidade. A TSF. Daí ficar mais do que apreensivo, quando vislumbra um futuro que tende a descaracterizá-la. E, pelo que se sabe, a TSF dá lucro...

Que fique claro. Estou “exponencialmente” mais preocupado com o futuro da TSF do que com o futuro do “Acontece”.

Lembrem-se! Para quem não vive no litoral, a TSF é mesmo muito importante.

terça-feira, agosto 12, 2003

V. Borges 

Se há coisa de que me envergonho, é nunca ter lido obra alguma de Jorge Luís Borges.
Já li variadas sinopses biográficas de Borges.
Tenho livros dele em minha casa. Comprados por mim.
Tenho amigos que falam dele, como se de um espírito livre encarnado se tratasse.
Preservo uma curiosidade incomensurável por me envolver nas suas histórias.
Possuo um apetite voraz por tudo que diga respeita a ensaio e ficção. Leram bem. Ficção.
E ainda não li Borges.
Alçada Baptista referiu-se a ele como “o escritor” numa fabulosa entrevista feita, pelo mais que competente, Duarte Mexia (alguma relação familiar com Pedro?).
A única razão para tão nefasta situação, só pode ser medo ou coisa semelhante.
Preconcebi a seguinte tese. Existe um a. l. B. e um d. l. B. .
Adio inexplicavelmente essa viagem.

PS: Falava eu em Borges e reparo que passa hoje na RTP2, o filme de Bertolluci "La Strategia del Ragno". Uma adaptação da obra de Jorge Luis Borges sobre a verdade e a mentira em política. Já estou a dar trabalho ao VHS...

IV. Sedução e medo 

A mera hipótese destes rabiscos, poderem ser vistos pelo mundo, carregam uma pesada responsabilidade. A responsabilidade de sermos fiéis connosco.
Tal facto, pressupõe uma luta às perversidades do espírito humano (digo humano porque acredito na inteligência extraterrestre).
Assim, será natural que, no universo dos hipotéticos leitores deste ou de outros blogues, existam aqueles a quem poderíamos fazer desonestidades intelectuais e passar por aquilo que não somos. E existam aqueles que sabem ler nas entrelinhas.
Os últimos conseguirão vislumbrar hábitos de leitura, experiências de vida, amores e desamores e até naturezas obsessivas.
Para todos aqueles que vêem nos blogues uma oportunidade de descoberta, constitui um enorme desafio, atraírem a atenção dos mais “desempoeirados”.
Entretanto surge um novo problema. O medo da exposição.
Pessoalmente acho que o desejável seria dizer: “Eu sou fulano tal e penso que, por isto por aquilo...” Declamar de peito aberto. Contudo fico arrepiado ao comparar o uso dos blogues a alguém que clama no meio de um estádio de futebol... às escuras.

segunda-feira, agosto 11, 2003

III. Conversas no ar 

- Olá B.!
- Bons olhos o vejam. Como tem passado?
- Big Story B.
- Z.! Há quanto tempo...Sempre conseguiste?
- Negativo T.
- O costume?
- Se faz favor B.
- Então, ela é assim tão casmurra?
- T., ela dá-lhe outro nome. Coerência...
- Coerência? Essa é boa! Custa a acreditar. Ainda me lembro. Só no mês do teu casório apanhei com quatro.
- Eram outros tempos T. Lembras-te bem que depois da “Abrilada” era casório dia sim, dia sim.
- E bebia-se bem, comia-se...bbb...comer nem tanto...Ahahah!
- Ahahah!
- B.! Só mais um cubo de gelo.
- C. sempre foi uma mulher vanguardista. E tu Z. ... Começo a entender. Ahahah!
- Vai...
- Claro! A incoerência...és tu caro amigo. Ahaha!
- Mal digo da minha vida. Se todos os homens engolem essa ladainha vais ver vais... (...) "os homens vão ter que se adaptar e tu não foges à regra". .Esta tilinta na cabeça noite e dia.
- Z, sabes bem. O mundo está impaciente de felicidade.
- Que felicidade T.? Que felicidade? Com o filhote a dar os primeiros pontapés na bola...
- Culpa tua, migo. Já podiam ter uma “ninhada” deles.
- Que nada! Pais, casa, personal fullfilment ... Não dava pah!
- O matriarcado está aí a chegar Z. E não estou preocupado. Sei bem o que elas valem...

Assinale-se:
Qualquer semelhança com factos ou situações reais, é pura coincidência.

domingo, agosto 10, 2003

II. Dinâmica democrática 

Há alguns meses atrás, a SIC passou (ou repetiu), um documentário sobre o séc. XX português. Tenho uma grande curiosidade por factos, épocas, personalidades, correntes de pensamento inseridas no respectivo contexto histórico. Os últimos 30/50 anos da História de Portugal, são ainda muito nebulosos. Exercerão por isso um especial fascínio a quem acompanhe este período do passado recente, e tenha o mínimo de interesse por “descodificar” a História do país.
O documentário permitiu esclarecer situações e lançar dados novos.
Num dos episódios, retive um dado mencionado pelo sociólogo e ex-ministro da agricultura, António Barreto. Dizia respeito ao facto de a sociedade portuguesa, mesmo após a revolução de Abril, ainda manter a reverência alicerçada no Antigo Regime. Fosse ela a reverência ao patrão, ao professor, ao polícia, ao idoso, (...) E seria este um factor inibidor da dinâmica que se pretendia para a uma democracia.
Paradoxalmente ou talvez não, no actual contexto social, esta relação deu uma volta de 180º. Seria fastidioso recorrer a exemplos eloquentes, tal a claridade da situação.
Questiono, como lidar com este quadro social perturbador duma dinâmica democrática que se quer sadia?

sábado, agosto 09, 2003

I. Populismo 

Só recentemente, o barman, teve oportunidade de ver o filme de Curtis Hanson, L.A. Confidential. Sente-se nele a atmosfera de um tempo na vida de L.A. Caracterizam-se as máfias que vigoravam na época, o lado corrupto da policia de L. A., o fácil recurso à violência e a falta de escrúpulos destes no exercício das suas funções. Alguns destes predicados eram visíveis no documentário transmitido ontem na RTP 2. Um documentário sobre Aimee Semple Mcpherson, fundadora de uma igreja evangelista em 1925. Combinava o show business com a religião. Possuía as suas próprias rádios e usava-as para atingir as massas de um meio social que conhecia bem, Los Angeles. Conseguiu “mitificar” a sua personagem. Um dia desapareceu numa praia. E o mito estabelecia-se. Algumas semanas depois, aparece numa localidade mexicana próxima de um deserto. Foi o ponto de partida para uma série de interrogações que preencheram o documentário. Parece que a razão para tal desaparecimento foi tão só um relacionamento adúltero. Em 1926 esta era uma situação, no mínimo delicada. O estranho desaparecimento estaria delineado pela própria. Tudo para fugir de uma casamento fracassado, viver o seu amor com a pessoa amada e afastar-se da mãe que não anuía tal situação. Entretanto arrependeu-se. Quis voltar ao seu quotidiano e teve de elaborar uma história convincente. Tinha sido raptada. Valeu um investigador persistente para descodificar uma história mal contada. Pelo meio foi julgada. Para manter a sua versão chegou a forjar provas. Chegou arranjar uma sósia para corroborar a sua história. A sua popularidade era tão grande que os próprios juízes chegaram a debruçar-se sobre pormenores triviais da vida quotiana da ré em pleno julgamento, sendo o motivo deste secundarizado. Uma jurada chegou a destruir uma prova, por esta constituir, um forte indício contra a prezada Aimee.
A sua Igreja Evangelista persiste nos quatro cantos do mundo.

Hollywood já “fabricou” um Presidente dos Estados Unidos
Ontem, Arnold Schwarzenegger confirmou a sua candidatura, pelo partido republicano, a Governador da Califórnia...

quinta-feira, agosto 07, 2003

Apresentação 

Não! Não sou nenhuma figura pública nem coisa que o valha. E diga-se, não quero vir a ser. Acrescento ainda. Pagava para não ir ao Big Brother.
Sei! Já ouvi e vi dizer que, para ter um blog é preciso um ego enorme e tempo, muito tempo. Quanto ao ego enfim, tenho a minha autoestima qb e mais alguma até não faria mal. E tempo? Tempo ainda vou arranjando algum.
Não! Este blog, blogue, web log (hei-de saber usar o termo adequado), não é um capricho de Verão, nem um qualquer passatempo. É uma coisa muita séria. É um sonho...
Como sou crescidinho, já vou conseguindo discernir fogo de vista, paixão casual de algo mais sério. Isto não parece fogo de vista...
Se um mês na blogosfera é um século, (como disse Pacheco Pereira) então para mim está a chegar o Milénio. Penso no tempo que despendi ao fenómeno “blogosférico”.
O primeiro blog que visitei foi o de Francisco Amaral. Fui ver o alinhamento do Íntima Fracção, programa de sua autoria que passa na TSF. Depois no Público Pacheco Pereira mencionou e fez juízo de valor a propósito da Coluna Infame e Blogue de Esquerda. Tema enquadrado no contexto da guerra do Golfo.
Aguçou-se a curiosidade pelo fenómeno.
Para quem sonhou (e sonha) com um Moleskine (quem me mandou ler Chatwin...), ter a possibilidade de escrever e ser (teoricamente) lido de imediato é no mínimo inspirador.

Como ainda vou dando que fazer aos neurónios prometo, no pior dos cenários, um post por semana. Isto se sentir feedback, senão, conheço bem aquela opção “Delete Blog”
Um bar sem pessoas não faz sentido.

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