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quarta-feira, outubro 29, 2003

XXXVI. Conversas no ar – Mastroianni, Wilde e o Bobo da Corte? Claro que não. 

- Grande B! Então, isso rola?
- É... Vai-se. Vale-me a inspiração.
- Ah! Claro! Obrigado pelo desenrasque d’há dias.
- Que nada V. Se puder evitar atritos evito-os. Mas não fujo deles, como bem sabes... Adiante. E o Z? Recompôs-se?
- Xiii! Nem te digo nem te conto. Nesse dia devem-lhe ter rogado alguma praga...
- Então?
- Conheceste o «Dolce Vita»?
- Se conheci. O tal com vida de filho de Rei e autor daquele “célebre” bilhetinho que ninguém esquece: “Mamã, Papá. Sou militante de um partido político mal amado. Sofro enormes pressões. Vou exilar-me por uns tempos. PS: O homem da «Excel» deve ir aí ter convosco. Tratem-no bem. Ele tem mau feitio”.
Aqui, também deve umas coroas.
- Pois. O tipo “enforcou-se”.
- Mesmo?
- Não! Quero dizer, que tem companhia certa...
- Ah! De facto, não o via com arcaboiço para assentar tão cedo. E onde entra o Z na história?
- Foi ele que me contou as boas novas.
- Ainda não entendi.
- Espera! O Z também contou a história à C.
- E daí?
- E daí, caro B, ficou a saber que a companhia do «Dolce Vita» era...o «Reaccionário».
- O carrasco do casório do Z?
- Esse mesmo!
- Eh lá! Como caraças! Que história dos diabos. O «engatatão» cá do bairro é «larilas» e o «Reaccionário», auto denominado de macho latino, cedeu aos seus encantos...mas...pera aí! Não vejo nenhum malefício para o ego do nosso migo Z? Pelo contrário. Bem podia ser motivo, para uma gargalhada libertadora...
- Podia. Lá isso, podia, não reagisse a C como reagiu.
-Então?
-Disse ela: “Um tipo tão mau de cama só podia dar nisto”.
-Caraças! Ou hoje ando lerdo ou não vejo mais nada para além do que já sabíamos?
-Caro B. Ela não se referia ao «Reaccionário», mas sim... ao «Dolce Vita».


Assinale-se:

Qualquer semelhança com factos ou situações reais, é pura coincidência.

segunda-feira, outubro 27, 2003

XXXV. Jogas bem. Até quando? 

Apareces, fugazmente, no corpo de uma transeunte que te agrada. E, contudo, não te conheço. Sinto a tua presença. És caprichosa e não tens hora nem lugar. És presente. Habitas o meu sonho de amanhã. E não te vejo no passado.
Castigo-me por não saber chamar o nome às coisas e me perder na busca da magia das palavras que te são caras. Sei, que parte do teu mistério, se recolhe por aí.
Deixas soar risadinhas de escárnio por não conseguir decifrar, nem tão pouco desbravar caminho, no sentido da essência que te alimenta.
Ontem, julguei te ver no meio da tribo que pensei ser a tua. Ela olhou-me com os teus olhos e não hesitei.
Tens razão. Perdi o meu tempo. Quem disse que a ingenuidade não mata? Fiz tudo, mas tudo mesmo para ter de ti a expressão que se opõe aquela que me quiseste dar, embrulhada de desprezo e fel que tão bem sabes dosear.
Se foi essa a culpa que tive? Sim, concedo. Ainda consegues estar um passo à frente de mim. A tua crueldade é felina. Já sei, não eras tu.
Estou certo. Viverei até ao dia que ultrapassar essa linha de sombra. Até lá, irás insinuar-te numa qualquer montra que retenha o meu olhar.
Marcas o passo deste jogo. Mas a ti lembro: os ventos da sorte bebem do mesmo que usas para me iludir. Espero pelo teu momento de fraqueza.

sábado, outubro 25, 2003

XXXIV. Dogmas que se abatem 

Observei há dias, uns jovens estudantes do secundário em repasto vespertino, numa modesta pastelaria. Sentaram-se comodamente a meu lado, proporcionando-me inusitada companhia. Trajavam umas calças largas, coloridas e rasgadas aqui e acolá. Usavam cortes de cabelo que estilhaçaria qualquer vidro lá de casa, algumas argolas nas orelhas, uns «piercings» espalhados pelo rosto e uns «xailezitos» roçados a cobrir os ombros. Ainda pensei que fossem uma excepção por ali. Mas não. Mais uns minutos e a mesa compõe-se com mais uns amigos ornamentados com vestes coerentes ao gosto do grupo. O meu espanto surgiu quando me apercebi dos temas da conversa. Perfeitamente de acordo com aqueles que tinha com os meus colegas no tempo de liceu. Exceptuando, talvez, aquela história da foto ao «fio dental» da professora obtida com um «modernaço» telemóvel colado ao pé. Aqueles eram normais estudantes do secundário. Aí, tive a «certezinha» que estava a ficar velho.

Quando a palavra «certezinha» sonda a minha cogitação, relembro o que ouvi dizer ao falecido Mourão-Ferreira: “arranjam-se umas «certezinhas» para contornar a dúvida”.
Uma daquelas «certezinhas» tida como absoluta, era a que ligava o facto de a cada ser humano estarem associados, fatalmente, outros dois. A mãe e o pai. Há algum tempo que se sabe não ser necessário a «inevitável» relação sexual - tão profícuo tema – para consubstanciar a descendência. Tal não pressupunha a exclusão do fundamental papel reservado aos supra citados multiplicadores de vida. A relação entre eles é que se podia realizar de forma diferente. Até aqui, tudo bem. A «certezinha» mantinha-se como verdade sólida e imutável. A humanidade não tinha outra forma de se fazer multiplicar. Isto era assim até há bem pouco tempo.
Hoje, a «indústria» genética. Repito. Hoje, a ciência permite que um dos mais velhos dogmas associados à espécie humana possa ser atirado às malvas.
Este é um tema que já suscitou e vai continuar a suscitar os mais diversos comentários, teses, teorias sobre o futuro reservado ao Homem. Não vou enveredar pelo caminho da discussão sobre a clonagem. Falar sobre a proibição da clonagem de seres humanos é o mesmo que cultivar em terra estéril. Tal a inviabilidade da medida para evitar o inevitável. No futuro as sociedades terão que conviver com os semelhantes criados por esta via.
Sabendo dos preconceitos conhecidos para com o que é diferente, não é difícil antever os conflitos que essa convivência irá criar.

Estreitando o universo das hipotéticas consequências a gerar por essa futura convivência, não consigo deixar de pensar na imensidão de perguntas que se irão juntar às existentes, nas cabeças dessa futura geração.
Conhecidos que são os reflexos de uma boa, má ou inexistente relação com os progenitores no futuro de cada um, não custará imaginar a diversidade emocional a desenvolver-se com os descendentes via artificial.

Este tema surgiu-me quando lia mais considerandos sobre o caso que tem abalado o país (não coloco o nome para não ter visitas indesejadas, bastam-me aquelas geradas com os «desb_loqueadores ca_bo saté_lite»). É curioso verificar que na base deste episódio da vida do país, estão infâncias complicadas. Tanto de vítimas como de verdugos. Digo isto servindo-me de teses de quem está mais habilitado para discutir o tema. Estes defendem "a correlação entre infâncias problemáticas e virtuais danos futuros infligidos a quem possa sentir o mesmo que os praticantes de semelhantes actos sentiram no passado". Ufa! Obviamente, isto não explica tudo. Mas, parece-me um factor importante a ter em conta, quando se reflecte sobre o caso que abala o país.

Quiçá, influenciados por este contexto sombrio, ouço muito boa gente de horizontes limitados, afirmar que este é um tempo de degradação generalizada e irreversível. Ouvem-se frases tipo: “o mundo está perdido”; “veja-se a podridão a alastrar por todo o mundo”; “ninguém acredita no bem”...
Cá por mim, tendo presente a visível mudança de valores e algumas perturbações nebulosas no planeta que habitamos, devo dizer que aprecio sobremaneira o privilégio de viver nos tempos que correm.
Há quem diga que o Homem do Séc. XXI, tirando o avanço tecnológico, é na sua essência igual ao do Séc. XIX. Alguns defendem a conhecida teoria da repetição da História, como forma de anular o propalado avanço da humanidade.
Ao nível do pensamento, o Homem poderá efectivamente não ter evoluído por aí além. Porventura, até terá recuado.
Mas, há pelo menos três dados que fazem desta página da história da humanidade, um episódio ainda não relatado – quem sabe nos tempos da Atlântida. O nível tecnológico, o número de habitantes do planeta, e a reprodução humana via clonagem.
A partir daqui, nada será como dantes.



Nota: Um cumprimento especial a quem perdeu parte do seu precioso tempo com as divagações aqui do barman de serviço. Destaco a honrosa menção nos links de aviz; o epíteto de «clássico» pelo mar nada insosso; de «educador» pelo médico explicador (tomara que os meus velhos pensassem o mesmo); e consequente copy e paste do mesmo post no fumaças.

domingo, outubro 19, 2003

XXXIII. Flashs 

* A Portugal Telecom vai devolver a taxa de activação. A nossa “amiga” PT pressionada pela DECO e por decisão do Supremo Tribunal da Justiça, vai devolver aos «patinhos» dos seus clientes, o dinheiro proveniente do chamado impulso de activação da chamada em conversação. A partir do dia 3 de Novembro, mediante a apresentação das facturas correspondentes aos meses do ano 1999, a PT apurará o dinheiro a ser restituído aos bolsos de quem não devia ter pago a referida taxa.
A PT tem destas coisas. Já não bastava serem uns chatos do catano ao usarem a rede própria para promoverem os produtos da casa, agora acham por bem vedar o acesso aos domínios do sapo a todos os que não se liguem pelas contas de internet por eles disponibilizadas.
Barman começa a dar ouvidos à «razão»...

* Repararam na Pública de hoje? A entrevista concedida por Paulo Pedroso é interrompida com três páginas publicitárias, no mínimo, curiosas.
A primeira dessas páginas é dedicada a uma marca de Whisky e serve-se do seguinte slogan: “Há momentos que nos provam que o segredo de speyside não é apenas uma lenda”.
A segunda publicita uma marca familiar aos delegados de propaganda médica, onde se vê uma criança em tronco nú com a inscrição: “Válido até: ter todos os amigos, ganhar todos os beijos e realizar todos os sonhos”.
A terceira delas promovia uma empresa da área da cerâmica do vidro. Ilustrada com um cruzado par de pernas masculino e com a seguinte frase: “Feito à imagem e semelhança do homem. Divino, portanto.”
O departamento de marketing do Público é arrasador.

* Pacheco Pereira nunca tinha ouvido falar na obra literária de Peter Carey - Oscar and Lucinda?
Até o ignorante do barman que por aqui rabisca, sabia que Peter Carey havia ganho o Booker Prize e recorda perfeitamente os comentários produzidos por Francisco José Viegas na TSF a propósito de algumas obras deste escritor...
Vão ver JPP não sabe quais as razões que motivam a comparação do seu percurso ao de Olivier Rolin - recentemente entrevistado por Carlos Vaz Marques.
A mim, cheira-me a provocação de Pacheco Pereira.

* Miguel Sousa Tavares publicou recentemente o seu primeiro romance, Equador. Já vai na sua sétima edição. Curiosamente esta última é um pouquinho diferente das anteriores. Tal deve-se aos 22 erros cometidos e quantificados posteriormente pelo autor. A sétima edição já vem corrigida. Claro. Aqueles que, como eu, compraram uma das edições anteriores sentem a necessidade de comprar esta última.
Será isto mais um golpe de marketing da Oficina do Livro? Eles são mesmo bons nisso. A prová-lo estão aqueles autocolantes na capa de Equador com Vasco Graça Moura afirmando “...há vinte anos ou mais que eu não devorava um romance português, como me aconteceu com Equador". Fizeram-me gastar de imediato 25 «broas» no Pingo Doce.

* Ah, já agora. Quem é que se borrou com aquela história da escuta telefónica?


Nota: Quase que não cumpria a promessa de um post por semana. Entretanto fervilham por aqui, algumas "ideiazitas" para o stock do bar. A ver vamos.

segunda-feira, outubro 13, 2003

XXXII. Dica para miúdos e graúdos: Fumar pode provocar... SuRpReSaS 

Parece que ainda estou a vê-lo. Cigarro depositado entre os dedos, ensaiando uma “isqueirada”, fazendo orelhas moucas aos pedidos impetrantes do puto. Até...
Até que o puto disparou:
“Papá! Se o cigarro mata, porque é que ainda não morreste? É a brincar não é?”
Vi-o desfazer o cigarro semi aceso no cinzeiro molhado. A gastar resmas de guardanapos para limpar a cinza colada aos dedos. Nunca vi tanto papel desperdiçado por nada – claro que vi, mas tenho que ilustrar o ambiente emocional – “Filho! Qual era a bolinha que querias? Aquela amarela?”.
Se ele deixou de fumar, não sei. Mas que nunca mais o vi puxar de cigarro depois do jantar... Lá isso...

domingo, outubro 12, 2003

XXXI. Sonho das insónias 

Sonhei que tinha um sonho.
Não sei se era um sonho que valesse ser sonhado.
Sei que sonhei no sonho que tive.
Perguntava-me no sonho que sonhava,
Se podia sonhar e sonhar no sonho.
Sonhando como sonhava, não seria nenhum sonho
Sonhar com o sonho que sonhava.
Sonhando no sonho com o sonho,
Consegui lembrar
Que para sonhar e bem sonhar,
Ao leito me haveria de dar...

Bons sonhos!

quinta-feira, outubro 09, 2003

XXX. Nostalgias? 

Barman sente algo de difícil caracterização – pelo menos por mim – quando ouve pessoas que viveram no anterior regime a tecer considerações, sobre o mesmo, usando paninhos quentes. Que aconteceu à memória desta gente?
É complicado argumentar com conhecimento de causa quando não se sentiu o ambiente dessa época. Um exercício que faço para ter uma noção da mudança de tempos é pegar, algures na vivência passada, num acontecimento, num determinado grupo, numa específica visão política, (...) e compará-lo ao seu valor actual. Vou tentar demonstrar com um exemplo elucidativo.
Barman cresceu com referências onde o idoso desempenhava um papel activo na condução de determinados aspectos familiares. Nomeadamente na exaltação de valores que este julgava caros à sua estirpe. E era respeitado. Sim. Em alguns casos confundido com temor. Mas o patriarca era, fatalmente, um cânone para os demais descendentes. Confrontando o papel reservado ao idoso nesse tempo, àquele que hoje conhecemos, temos uma noção da mudança das concepções do mundo.
Neste quadro até compreendo um velho mais saudoso (digo velho porque a mulher não eram tida nem achada para quase nada) desses tempos - época em que ditavam alguma coisa. Mesmo vivendo em condições duríssimas, – falo obviamente da maioria da população portuguesa- pelo menos no seio familiar, o decano e os seus valores eram incontornáveis. Este sentia e fazia sentir a sua personalidade.
Compreendo também o tom reaccionário de muitos que deixaram uma vida feliz em África para regressarem à metrópole. Nalguns casos deixaram um país cheio de recursos e mais evoluído para viverem noutro pobre e miserável. Viram as suas vidas andar para trás. E, perante tamanho choque, tiveram de arranjar um bode expiatório das suas frustrações. Pois casos houve de total insucesso na adaptação à “casinha portuguesa”. Não se estranha por isso a escolha do vilão Mário Soares e da imensa nostalgia pelos tempos do senhor de Santa Comba Dão.
O que custa a dissolver, que dá volta à cabeça, que não se compreende é observar gente que sofreu a bem sofrer com o anterior regime como estarem presos, serem espancados, explorados, colocados à mercê da irrisão... Afirmarem que esta geração está perdida e só lhes valerá uma nova encarnação do dito cujo...
Ultrapassa a minha compreensão. Quem sabe a vossa domine este paradoxo.


Nota: Olhem que andam por aí uns tipos, que não têm mais nada que fazer, e vêem programas de poesia com intervenientes experimentados na arte de bem "blogar". Não sou um dos 500 compradores de poesia. Mas posso vir a ser. Ah! Falaram por lá num José Mário. Diz-vos alguma coisa?

Nota 2: A desfaçatez deste barman ainda me vai arranjar dores de cabeça ;)

terça-feira, outubro 07, 2003

XXIX. 62 dias... 

Barman aproveita estes efémeros momentos de fama (atingir 50 visitas num só dia equivale a um "Roque Santeiro" em tempos de domínio absoluto da RTP) para mais uma vez se desfazer em agradecimentos a esses “gandes malukos” (lembrar post IX) pelo terceiro prémio arrecadado no Mata-Mouros (tem calma Bacall, ainda terás o teu Oscar carreira).

Faz hoje precisamente dois meses que barman perdeu a vergonha. E, vai daí, lembra-se de gatafunhar algumas das idiossincráticas divagações. As outras ficam para daqui a uns anitos - isto ainda não é assim tão liberal como alguns julgam.
Se este cantinho da net tem dois “mesitos”, a descoberta deste mundo, deu-se pelo início de 2003 (ver post de apresentação). Aliás, anda por aí no histórico de um qualquer servidor, um weblog de nascença muito anterior ao Abrupto (não coloco link para este não engordar o sitemeter às minhas custas) que pode provar isso.

Como qualquer relação humana, dias houve mais pessimistas outros mais optimistas sobre esta coisa que alguns se atrevem chamar de “blogosfera”.
O balanço possível deste escasso par de meses é de difícil apuramento.
Se por um lado se descobriu um mundo novo que ajudou a moldar uma outra ideia do que nos rodeia, noutra perspectiva, esta relação, exige demasiada atenção. Monopoliza muito (se não todo) do tempo disponível para além do reservado às tarefas do quotidiano.
Ao longo deste quase um ano de experiência “blogosférica”, confirmei aquilo que há muito pressentia. Existe um mundo sensível e inteligente para além daquele que nos querem impingir pelos canais de comunicação tradicionais. Isso é bom. Muito bom. Estimula e cria ilusões num novo mundo. Não sei se melhor. Mas seguramente diferente.


Nota: Se virem no v/ sitemeter o link dos frescos com longos minutos de permanência, deve ser barman a catrapiscar os vossos rabiscos. Se a referência que por lá vos aparecer tiver o link deste humilde bar, será resultado do poder persuasivo que barman já detém por estes lados.

quarta-feira, outubro 01, 2003

XXVIII. "FatBoys", Santos e Margarida 

(Como havia dito no post XIV, barman dedicará um espacinho ao futebol. De catorze em quatorze "postas", dirá de sua justiça sobre o tema que todos conhecem. Sendo um seguidor e amante do desporto-rei, não podia deixar de mandar as minhas biscas.
Mais logo, o F.C.P. jogará o seu quarto grande jogo do ano. Depois da Lázio, Celtic e Milão vem o D. Real. E, sabendo a história dos três primeiros jogos acima mencionados, só se pode esperar uma noite de futebol a sério).

Seguindo uma forma de apresentação usada por muitos dos nossos “opinion makers” (modéstia é comigo). Assim vão embrulhados estes rabiscos sobre futebol.

1. O prometido é devido. É certo, com algum atraso. Mas a disposição não era a melhor após a real derrota. Já não me lembrava (nem lembro), a última vez que o Porto perdeu com três golos nas suas redes. Restringindo o universo aos jogos efectuados nas Antas, mais difícil se torna recordar tal feito.
A única consequência amarga do jogo com o Real Madrid, teve a ver com o facto da equipa do Porto ter discutido o jogo, não se remetendo à sua defesa. E isso poder servir de argumento para os que defendem tácticas mais conservadoras. Claro que me lembro de Octávio. De resto, como já ouvi por aí, os adeptos do Porto têm esse privilégio de só verem a sua equipa perder frente a campeões europeus. Mas diga-se, face ao desenrolar do jogo, pareceu-me um resultado “pesadote”.

2. Aquele estrutura táctica concebida por Mourinho, fez-me sonhar numa noite de glória. Senão, reparem. Sabendo que é quase impossível tirar a bola aos jogadores do Real, nos pés de Zidane, então, ela ganha outra vida. A solução seria ficar com a posse da dita. Porquê? Primeiro porque o Real Madrid guardaria o talento para outras ocasiões. Segundo, pelo que se viu da equipa espanhola, esta não é muito de meter o pé quando perde a posse do caprichoso esférico. Parecia-me ousada a ideia de Mourinho. Mas era a única possível para conseguir derrotar os galácticos, com toda a categoria do futebol positivo.
Só que uns inauditos falhanços defensivos da equipa azul e branca e um Casillas em noite inspirada, deitaram tudo a perder. Agora é fácil falar. Mas se no lugar do nervoso Ricardo Fernandes, estivesse Alenitchev (lesionado) que sabe tratar bem a bola. Não sei se a história seria a mesma...

3. Vencida a batalha pela posse de bola, restava-nos apreciar a classe dos seus intérpretes. O Zidane é indiscutivelmente o melhor jogador do mundo. Mesmo a meio gás, é capaz de transformar um lance inócuo numa dor de cabeça para a equipa adversária. Também gostava de saber qual a dieta de Roberto Carlos. O homem quando mete o turbo, parece que ganha asas... Se estes já davam água pelas barbas à defesa portista, também um tal de Figo, se lembrou de testar o luso Nuno Valente (pensava, obviamente, no Euro 2004).
O Valência é que tem a culpa. Não bastava terem derrotado a armada espacial, lesionam o Beckam. Resultado. Entra na equipa o galáctico Solari. E mostrou, mais uma vez, a relação privilegiada com a baliza do Porto. Pensar que um jogador desta categoria (licenciado), se encontra normalmente no banco de suplentes...

4. Barman interroga-se, sobre a razão de tamanha embirração, que o nome Fernando Santos provoca a muito boa gente. A coisa não é exclusiva de sportinguistas. Lembro-me bem que muitos portistas, já nem podiam ver o homem. Que mal lhes fez Santos?
Em três anos de Porto ganhou, um campeonato, duas taças de Portugal, uma ou duas supertaças, levou a equipa, duas épocas consecutivas, aos quartos-de-final de uma competição europeia (a primeira chamava-se Liga dos Campeões e pela primeira vez o vencedor teria de fazer, no mínimo, 17 jogos de alto nível para conquistar o trofeu – o Porto fez 14 jogos e perdeu ingloriamente com o Bayern de Munique uma ida às meias-finais). Se isto não bastasse para valorizar o seu trabalho, é bom lembrar que os campeonatos que não ganhou, foram perdidos, somente, na última jornada. O último para o Boavista, que fez uma ponta final de campeonato brilhante vencendo noves jogos consecutivos. Tantos como o F.C.Porto. Mesmo assim, as panteras, não se livrariam de acabar o campeonato nas Antas, com quatro certeiros balázios. E por um ponto se foi um título. Não esquecer que Fernando Santos foi quem geriu a saída de Jardel substituído por um Pena que valeu 23 golos na primeira época de dragão ao peito. Fazendo esquecer o “supermário”. Tarefa que poucos julgavam possível.
Se isto ainda não chega recordem-se do bom trabalho que fez na Amadora e posteriormente na Grécia. Aí, numa época, venceu uma taça e perdeu o campeonato...na última jornada. Quando muito podem acusar o homem de azarento.
Mas o engenheiro tem ainda no seu activo o facto de ter sido o primeiro técnico a implementar por cá, a chamada pressão alta e de ser, porventura, o único da sua geração que alia competência com profissionalismo respirando “fair play”. Querem mais? O Mourinho já tem contrato.

5. Deverão ser poucos ou nenhuns os que até aqui chegaram. Mas aos estóicos leitores, prometo ser este o último ponto.
Uma das boas consequências destas derrotas futebolísticas, é procurar outro tipo de entretimento para não cismar em demasia no que não interessa. Às vezes dá-me para a leitura, outras para o cinema, esporadicamente para os copos. Na madrugada de quinta-feira colei-me ao televisor para ver o programa de Viegas. Convidada: Margarida Rebelo Pinto.
Se me perguntassem qual o livro que deixei a meio, diria que, um deles, foi o “Sei Lá”. Não. Não o comprei. Tive a oportunidade de o ler. Tentei. E por aí me fiquei.
No entanto é importante ressalvar o seguinte. A entrevista confirmou-o. Ela assume o que escreve e não se quer fazer passar por aquilo que não é. Sobre isto, tinha dúvidas. Fiquei esclarecido. Francisco J. Viegas bem tentou uma confissão tipo. “Sim, isto é um bom produto, concebido como qualquer outro proveniente do contexto publicitário" (onde trabalhou). Mas não. Concedeu esse tipo de abordagem para a capa e outras campanhas de promoção. Só isso.
O que me deixou deveras preocupado (e não fui o único), foi aquela tese de que “os homens que não gostam de futebol são muito mais interessantes”.
Tou tramado? Ou também sou excepção?



Nota: O Gonçalves que Margarida referiu não é o mesmo em que estou a pensar? Ou será?

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