<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, agosto 08, 2011

LXX 

Pst!

sexta-feira, agosto 07, 2009

LXIX. Seis anos ou seis meses?! 

[a editar]

quinta-feira, agosto 07, 2008

LXVIII. menos quatro anos e meio... 

Desta vez é que é!
Comprometo-me: até ao meio da próxima semana uma lufada de ar fresco - pedantices à parte.
[a editar]

quinta-feira, julho 19, 2007

LXVII. ¿ǝɹƃɐlıɯ 

Assim, quase inadvertidamente, este pode ter sido o dia dos últimos doze anos.
[a editar, provavelmente]

domingo, julho 15, 2007

LXVI. Sordícia qb 

Hoje senti e senti tanto. Abalroaram a frágil estacaria que me sustenta. Foi tudo abaixo. A intensidade desse sentir, galgou a memória de emoções e marca registo. Um flash da primeira traição amistosa, confunde-me. Some-se uma facada no Homem…
Entretanto, ouve-se “I” dos Magnetic Fields.

I Don't Believe You


So you quote love unquote me
Well, stranger things have come to be
But let's agree to disagree
Cause I don't believe you
I don't believe you

You tell me I'm not not cute
Its truth or falsity is moot
Cause honesty's not your strong suit
And I don't believe you
I don't believe you

You tell me of what once was
And all about Buck, Butch, and Buzz
How they were not like me because...
But I don't believe you
I don't believe you

I had a dream and you were in it
The blue of your eyes was infinite
You seemed to be
In love with me
Which isn't very realistic

You may sing me they were you
And I start crying halfway through
But nothing else you say is true
So I don't believe you
I don't believe you

You may set your charm on stun
And say I'm delightful and fun
But you say that to everyone
Well, I don't believe you
I don't believe you

So you're brilliant gorgeous and
ampersand after ampersand
You think I just don't understand
But I don't believe you
I don't believe you

I don't believe you
I don't believe you


Adenda: era bom que lesses o último parágrafo deste post. Os anteriores, também. Se discernires que o último é mesmo o que te assenta.


quinta-feira, junho 07, 2007

LXV. O mistério da migração das sardinhas 



Passa nestes instantes na RTP2, um documentário sobre: o mistério da migração das sardinhas. Fosse o mistério da migração dos tubarões, das baleias ou do peixe-balão, estou convencido, não me assaltaria aquela sorriso escarninho. Discriminação no reino da bicharada, é o que é.
Redimindo-me, veja-se a sinopse exposta no site do canal:
«Gail Aisson, estudante de biologia em Cape Town e uma equipa de filmagem decidiram seguir uma das mais surpreendentes migrações de animais do planeta: de facto, todos os anos em Junho, milhares de sardinhas espalham-se em camadas entre a África do Sul e a Antárctica, constituindo o maior organismo vivo da Terra. Cerca de cinco biliões destes animais formando uma coluna de cerca de treze quilómetros de comprimento por dois de largura, iniciam a mais incompreensível migração ao cimo da Terra. Uma migração que não oferece nenhuma vantagem em especial para esta espécie de animais, pois trata-se para além do mais de uma longa viagem cheia de armadilhas..

terça-feira, janeiro 30, 2007

LXIV. Debate sobre o aborto 

[a editar]

terça-feira, janeiro 02, 2007

LXIII. Lampejos de memória 

[a editar] 

segunda-feira, agosto 07, 2006

LXII. Um, dois, três... 

[a editar]

sábado, abril 15, 2006

LXI. Faust 

Extasiado!
Tive o privilégio de assistir, num curto espaço de tempo, aos concertos de Fred Frith e dos Faust.
Fred Frith esteve irrepreensível. Quanto aos Faust, devo dizer, são uns «senhores músicos».

quinta-feira, abril 13, 2006

LX. Dia adiado 

[a editar]

sexta-feira, outubro 28, 2005

LIX. Eleições no meu quintal. 

[a editar] - eu sei, eu sei...

domingo, agosto 07, 2005

LVIII. Vinte e quatro meses 

[a editar]

segunda-feira, junho 06, 2005

LVII. Red Book 

[a editar]

terça-feira, maio 31, 2005

LVI. Oeste, Nordeste, nacos de Portugal 

Eu sei, eu sei... [a editar]

terça-feira, abril 26, 2005

LV. Casar ou não casar? 

O barman vem aí com toda a força, ou melhor com vontade de tirar este «bar» da letargia quase absoluta [a editar]

terça-feira, abril 12, 2005

LIV. Day after 


sábado, fevereiro 19, 2005

LIII. O meu voto é certo 

[a editar]

terça-feira, setembro 21, 2004

LII. Um compromisso 

Assumo um compromisso comigo. Brevemente este bar vai... Hmm... Vai ser o que sempre foi. Um simples e modesto bar. E prometo um barman disciplinado.[a editar]

Nota: Barman declara guerra à palavra «editar» que tem proliferado por estas bandas...

sábado, agosto 07, 2004

LI. Doze meses depois 

[a editar]

sexta-feira, junho 11, 2004

L. [Escrever. Urge escrever. Não fujas! Encontra-me!] 

Finalmente, recuperei a pass. Isto está a precisar de umas arrumações...
Até breve! [a editar]

terça-feira, março 23, 2004

XLIX. [Grande Rui, um abraço] 

[a editar]

terça-feira, janeiro 06, 2004

XLVIII. Ingenuidade? 

Se há coisa que me comove neste mundo, é ver no Homem, a bondade aliada à inteligência.

[Não digam a ninguém, mas o barman que vos serve, faz um esforço tremendo para conter os ímpetos do espírito.]

sábado, dezembro 20, 2003

XLVII. 

*

sábado, dezembro 13, 2003

XLVI. 

*

sábado, dezembro 06, 2003

XLV. Vou ali comprar cigarros e volto já 

[a editar]

sábado, novembro 29, 2003

XLIV. «Os Maias», «A Linha de Sombra» e o «Equador» 

Ando com fome de livros.
Para um leitor compulsivo como eu, este tipo de ânsia, deve ser cabalmente aproveitada. Foi numa dessas ocasiões que devorei «A Utopia» de Morus e «O Príncipe» de Maquiavel, de uma assentada. Não sei quais as razões da escolha. Sei hoje, da importância e dos dividendos que se podem retirar, da leitura simultânea destas obras-primas da literatura.

Servindo-se da genial ideia do Leitura Partilhada (já aqui focado), barman, enunciará neste «cantinho da net», alguns dos livros que vai lendo ou leu, na tentativa de colher reacções e interpretações (pontuais ou mais elaboradas), sobre as obras literárias aqui colocadas.

Os livros que barman anda a (re)ler são «Os Maias», de Eça de Queiroz, «a Linha de Sombra» de Joseph Conrad e «Equador» de Miguel Sousa Tavares.

«Os Maias» constituíam uma das obras literárias obrigatórias no meu tempo de ensino secundário (não gosto desta terminologia). Não sei se mantém hoje. Presumo que o conteúdo do «Big Brother», por mais espremido que seja, não consiga dar conta do recado...
Certo é que, por essas alturas, vi-me e desejei-me para completar um trabalho de português, que tinha como pano de fundo, a obra de Eça de Queiroz. Não sei se pelo carácter excessivamente descritivo, se pelo tamanho do livro, ou pelo desfasamento das necessidades do espírito, terá sido tão fastidioso acompanhar os capítulos d’«Os Maias». Hoje releio-o com tamanho interesse e satisfação que se me deparam as seguinte questões: Há idades mais adequadas para à leitura de certos livros? Depende da mentalidade e da experiência de cada um?
Haverão, com certeza, muitos outras razões... Mas não deixa de ser curiosa, esta mudança de temperamento, perante uma «coisa» por nós (me and my school friends) baptizada dos mais injustos impropérios.
Saliento o facto da edição que leio ser a: 1ª ed. Porto : Livraria Internacional de Ernesto Chardron, 1888. 2v. É interessante seguir as mutações do português da época para o actual.

«A Linha de Sombra», veio-me parar às mãos via colecção «Mil Folhas». O nome de Conrad, não me era inteiramente estranho, contudo ainda me martirizo, por tão grave lacuna no «universo dos livros já lidos» por barman. Vislumbro infelizmente por aí, mais angústias similares a esta...

«Equador» está-se a revelar um pau de dois bicos. Depois de alguma celeuma à volta da obra de Tavares, seja pelos erros históricos já assumidos ou pelos considerandos de Pulido Valente, a sua leitura tem sido feita aos repelões.
No que respeita à «polémica» em redor do que disse Vasco Pulido Valente sobre «Equador», será interessante lembrar um livro da autoria de VPV – «Glória». O rigor histórico propalado pelo autor nessa obra – biografia de Vieira de Castro - poderá servir de base para justificar o «depoimento» sobre «Equador».

Espero agora, ansiosamente, impressões sobre os livros citados. Se elas não aparecerem, saberei retirar as devidas ilações.

Lembro o endereço electrónico: ouvidobarman@lavache.com



Nota: Lembro-me agora da altura em que li a «Utopia». Foi no tempo em que Cavaco Silva confundia Thomas Mann com Thomas Morus.

quarta-feira, novembro 26, 2003

XLIII. Uma Página em Branco 

Preparo uma resma de folhas para colocar na impressora.
Fruto do acaso, uma folha desprende-se das demais e puxa-me os olhos para ela.
Aquele pedacinho de matéria, emanado do artifício humano, guarda uma longa história para contar. Dos genes de uma semente cresceu uma árvore, que emprestou parte de si, à folha vadia que fitava a minha atenção.
E agora? Imagino em jeito de fábula, a interpelação que ela me faz.
A tinta escorrerá pela sua textura macia, na esperança de uma união divina. Contudo, a crueza do espírito, aponta no sentido prosaico da sua utilidade.
Entretanto, iluminam-se em mim, recortes de prosa de um mágico das palavras. Um sábio do ardiloso puzzle das letras.
Reconforto-a com essa lembrança e fico com a certeza.
A certeza que a esperança, não é vã.

Obrigado Borges.

quinta-feira, novembro 20, 2003

XLII. "FatBoys" 

1. Cumprindo uma das regras do bar, passados catorze posts, barman volta a falar de futebol. Sabendo não ser o único a fazer esforços de contenção no que concerne a este tema.

Porventura, já se terá passado com alguns de vós. A intensidade com que se segue este fenómeno chamado futebol, não é constante ao longo do tempo. Um «tempinho» antes de ser declarado adulto, pensei: «esta história da bola, consegue mexer com o meu estado anímico e os intérpretes da dita não se entregam de forma proporcional aos sentimentos gerados por ela, então o melhor, é deixar esta irracionalidade a quem dela tire melhor proveito. Por mim, basta.». Estava decidido a dar a devida importância à coisa. E tudo teria corrido bem, não desse conta da verdadeira dimensão do fenómeno. A dada altura constatei que alguns círculos de convivência social, me viam com os mesmos olhos que um fumador olha para um ex-fumador. Pior. Não havia tido em atenção que a abstinência deste «desbloqueador de conversa» me prejudicaria, até, no meu círculo de amigos. «Caraças! Isto é muito pior do que eu alguma vez julguei» - pensei.
Tenho como certo. Se para cá viesse viver o americano que mais se marimbasse para o soccer, num curto espaço de tempo transformar-se-ía num indefectível adepto de futebol, sob pena de ficar à margem de uma variável importante para a integração social.


2. Dentro do universo futebolístico, conseguem-se gerar discussões apaixonadas alicerçadas nas mais inócuas impressões. Repare-se. Para alguns «o Baía é o maior», para outros «o Baía é um frangueiro», há ainda os que afirmam: «o João Pinto é um génio» ou os que dizem «o João Pinto é um “artista” (no sentido negativo do termo)».
Não me parece que a causa destas observações, seja a «clubite» (uma das doenças da bola*). De entre o universo de adeptos de cada clube de futebol, também existem estas discrepâncias de valias.
Veja-se o caso de Baía. Barman, um assumido portista (seja lá o que isso for), não morre de amores pelo guarda-redes do «FCP». O mesmo se aplica ao João Pinto, ao Mozer, ao Domingos Paciência, ao Paulinho Santos...
O denominador comum dos jogadores citados, tem a ver com a sua sobrevalorização enquanto jogadores de futebol. Têm qualidades? Com certeza que têm. Potencial para serem melhores do que de facto são ou foram? Não podia estar mais de acordo. Mas, quanto a mim, alguns são verdadeiras fraudes. Um exemplo eloquente é o caso de Paulinho Santos.
Voltando a Baía. Atrevo-me a dizer, não fosse a sua desastrada prestação no mundial e Portugal tinha passado a primeira fase da competição. Não digo que seríamos campeões do mundo (com Figo naquele estado lastimoso, nem por sombras), mas sairíamos indubitavelmente do torneio, com uma imagem mais airosa.
Ainda guardo uma expressão de Ricardo a roer as unhas, que ilustrava na exacta medida, o que lhe ia na alma. Ele que havia feito todos os jogos de qualificação e que evitou uma goleada do Brasil num jogo de preparação, adiando o pesadelo do Oriente.
E foi no mundial da «Coreia/Japão» que começou a novela «Scolari/Baía».
Obviamente, tenho o dever de reconhecer, que o Vitor Baía é actualmente o guarda-redes português que mais garantias dá a uma equipa de futebol. No entanto, tudo indica, Baía irá sentir o mesmo amargo de boca experimentado por Ricardo na Coreia.


3. O país fervilha com as sucessivas inaugurações de estádios de futebol.
Eles são lindos e funcionais. O rectângulo do jogo, passará a ter uma imagem de fundo bem mais atractiva do que até aqui. Sabemos que não é a mesma coisa ver o Real Madrid a jogar no Santiago Bernabéu ou a jogar no estádio do «Caçador das Taipas». E, mais importante, o público poderá seguir civilizadamente um desafio de futebol. Assim se espera. Assim experimentou barman numa dessas preciosidades: o novo estádio Mário Duarte, em Aveiro.
Até aqui, só havia presenciado três ou quatro desafios de futebol profissional. O último deles, foi uma final da Taça de Portugal de má memória (a do very light). E posso dizer: é um prazer assistir a uma partida de futebol num estádio com estas condições. Entusiasma qualquer alma que goste do «desporto-rei» e não só.
É sabido. Isto de construir estádios de futebol com o patrocínio do Estado gera, fatalmente, numerosas discussões. Mas deve-se enaltecer um facto. Os estádios estão prontos a tempo e horas. Parece que nunca um conjunto tão vasto de infra-estruturas havia conseguido realizar-se dentro dos prazos previamente estipulados.
Será interessante lembrar o argumento que Miguel Sousa Tavares usou para justificar o seu entusiasmo pela «Expo 98»: realce-se este exemplo e sirvam-se dele para elevar o padrão de exigência a cada um de nós.
Pode-se também colocar a dúvida: O mérito foi mesmo nosso? Sobre isso pronunciou-se António Barreto mais ou menos nestes termos: “a construção dos estádios para o «Euro 2004» foi gerida por outros europeus”.


4. As selecções nacionais de futebol fartam-se de prestigiar o país por esse mundo fora.
Nunca ganharam nada verdadeiramente importante. Mas deixam sempre os amantes do «desporto-rei» com água na boca. Além disso gostam de aquecer as orelhas ao árbitro, ou de deixar a sua marca nos balneários. Seja com um «molhinho de alhos» ou com um decor apocalíptico. Por isso, é importante, acarinhar os sacrificados meninos da bola*, pois estes suam a camisola e são muito sensíveis. Assobios? Nem pensar em tal sacrilégio sob pena de desmoralizarem os rapazes. Eu sou, decerto, um nabo para entender (nem que seja superficialmente) esse complexo jogo chamado futebol. Não sou seguidor das linhas do «bota abaixo», mas que me remexe cá a mona quando vejo aquele ar de prima donna aos jogadores da bola, lá isso remexe. Treinam todos os dias com a «dita cuja», têm departamentos médicos, jurídicos e infra-estruturas desportivas ao seu dispor diariamente e chegam o jogo em que têm de dar o litro e, vai lá ver, quando rematam à baliza nem com ela acertam. Admito que o guarda-redes defenda um ou outro remate com «selo de golo», mas observar que após uma semana de árduo trabalho os jogadores mais parecem exímios executantes de rugby. Enfim, se é essa a vocação, que mudem de modalidade. Não enganem a malta.


*Bola – Significa, no léxico feminino, única novela que agrada mais a eles do que a elas.


Nota: Barman anda há «séculos» para actualizar os seus links. E já faltou mais para concluir tão desgastante empreitada. Mas reveste-se de enorme urgência destacar um blogue que não me canso de visitar há mais de um par de meses: avatares de um desejo. Daqui só não vai um «xoxo de amizade», pelo carácter ambíguo da sua natureza. E além disso, resistem preconceitos saloios na cabeça de barman...


quinta-feira, novembro 13, 2003

XLI. O «néctar dos deuses» não seduz os «príncipes» 

Escrevo este post no momento que acabo de ver o «Livro Aberto» de Francisco J. Viegas. Convidados desta sessão: João Paulo Martins (JPM) e João Afonso (JA). Saberão, os que se dedicam à nobre tarefa da degustação do «néctar dos deuses», de quem se tratam. São autores de livros com notas de prova sobre vinhos portugueses e estrangeiros. Falam deles com a escrupulosa sabedoria e bom gosto que lhes é reconhecido.
Memorizei, entre outros assuntos, aquela sugestão feita por João Afonso aos produtores de vinho. Incentivando-os a produzir para um mercado que efectivamente não o consome: os jovens. Isto pode parecer politicamente incorrecto, uma vez que se vislumbram por aí tentativas de alargar ao álcool, as campanhas feitas contra o tabaco. Mas não é de todo. Seria bom, diria até saudável, moderar o consumo de álcool e quando se optasse por uma «bebida espirituosa» a escolha recaísse num bom vinho. Este é um produto menos «artificial» comparado com as bebidas alcoólicas consumidas por essa faixa etária. Alertar-me-ão os fiéis da arte enológica, das «mistelas» que se conseguem fazer retirando à uva o papel principal. Gato por lebre também não, mas seria útil destrinçar os conceitos: álcool e vinho. E digo isto por que a minha «adoração»pelo «néctar dos deuses», não foi à primeira vista. Fui e vou aprendendo a saborear esses momentos de deleite e prazer proporcionados por um dos mais velhos produtos do Homem. Se consegui passar de uma fase de rejeição para uma outra de real valorização, parece-me possível inverter a tendência dos jovens adultos voltarem costas a tão «fecundo» prazer. E sobretudo, fazê-los abdicar dos seus habituais consumos alcoólicos, em favor do vinho na medida adequada.
Desta procura sobre o «abc» do vinho, resultou um maior conhecimento de tudo o que respeita a essa área. E assim, os nomes de JPM e JA, tornaram-se familiares. Não esquecendo o incontornável José Quitério, os trabalhos de David Lopes Ramos no «Fugas do Público» e outros mais, claro. E de entre «esses outros» deve-se destacar a crítica acidulada da autoria de José A. Salvador. Este autor também «brigava» nas aéreas de JPM e JA. E, pelo que sei, publicou o ano transacto o seu último livro de provas. Gostava de o ter visto no programa de Viegas.


Nota: Também vi numa rubrica do «Livro Aberto», Manuel Serrão aconselhar o livro do Pipi. Segundo Serrão, o Pipi deveria ser Vasco Graça Moura (VGM). No entanto, Francisco J. Viegas levantou o véu e disse que o Pipi não lia VGM...

XL. «Dogville», Lauro António e o mistério Kathleen 

Escarafuncho para aqui maneira de falar sobre o filme de Von Trier, sem me fazer confundir com a crítica tradicional de um filme. Lauro António há só um e Kathleen Gomes tem aqui o seu “grupinho de fãs”. Não posso aspirar a tamanha ambição. Aliás, por falar em Lauro António, recordo o relato de um amigo que “cobria” o «Fantasporto»: “(...) reparo num quadro onde a organização do festival fazia corresponder o enviado especial ao respectivo órgão de comunicação social: “fulano tal” – «Expresso»; “sicrano xis” – «Público»; “fulano y” – «Jornal Notícias»; (...) e Lauro António – «A Bola»". Afinal, o contributo de Lauro na «TVI» era meritório, num contexto de rentabilização dos recursos humanos. "Let us see the trailer":

«Dogville», na minha humílima visão, lembra a história da montanha que pariu um rato. Há por lá material muito interessante para explorar. Barman atreve-se a dizer que a película expõe perspectivas capazes de despertar discussões sobre o que se entende por esquerda e direita; sobre a relação pai/filho; sobre os perigos de um mundo com horizontes fechados ou ainda sobre as misérias e as ilusões do Homem... Enfim, um sem número de temas.
Se nunca tivesse visto nenhuma outra obra do realizador dinamarquês, talvez ousasse dizer, que este era um filme a todos os títulos imperdível. Mas, fiquei com a sensação que Lars Von Trier usou de uma visão maniqueísta e de algum modo incoerente comparando «Dogville» com o seus trabalhos anteriores. Lembro-me de «Ondas de Paixão», «Os Idiotas» ou «Dancer in the Dark».Talvez a Selma interpretada por Bjork, já induza para um filme com as características de «Dogville». De qualquer modo pareceu-me estar a piscar o olho a gregos e a troianos [entenda-se europeus e americanos]. Porventura daí, se compreenda o “uso” de um naipe de tão reconhecidos actores. O que faziam por lá aqueles famosos interpretes de Hollywood? Nicole Kidman, apenas no fim, me convenceu ser a escolha adequada para o desempenho do papel. Só depois de caída a imagem angélica da personagem de Kidman, me convenci da impossibilidade do papel ser interpretado por uma Meg Ryan. O cinismo assenta que nem uma luva no rosto de Nicole [já se tinha visto em «Eyes Wyde Shut»]. E Bacall, se continua a prestar-se a tais papéis, bem poderá esperar sentada pela tão ambicionada estatueta. Do narrador, nem vale a pena dizer nada. Ficou claro o seu propósito.

Contudo é um filme recomendável. O barman que vos serve é que esperava mais "qualquer coisita". Vou redireccionar a exigência para o meu umbigo.



Nota1: Afinal, ainda há malta imune ao fenómeno [o umbigo há muito se demarcou da “coisa”]. A «XIS» pode ser vendida, revendida, oferecida, o “diabo a quatro”. Não pode é servir de argumento para defesa do «Expresso». A edição dos sábados do «Público» (como diz um amigo) já pesa qb.

Nota 2: Mas não faz mal ler as sinopses biográficas de Fernanda Pratas na “dita cuja” (veja-se o seu trabalho na «Grande Reportagem»).

Nota 3: Uma perguntinha à(s) menina(s): O “diminutivo” que usam para Kathleen Gomes é para não usarem o outro nome “natural” ou é a revelação de mais um membro do sexo forte [terminologia politicamente incorrecta]?

quinta-feira, novembro 06, 2003

XXXIX. (...) e mais qualquer coisa 

Completando a ideia do post anterior. O leque de sensações que incorremos ao ver 4 horas seguidas de televisão, assistindo-se depois a uma sessão de cinema, são intensas e variadas.
No que concerne à TV, as manifestações do espírito ao longo do desenrolar dos programas, chegam a colocar em causa a sanidade mental momentânea. Senão repare-se. Ainda estou para achar a razão, que me levou a ver de rajada, os manifestos eleitorais, dos candidatos à presidência de um clube de futebol. Se aquilo fosse um debate e pelo meio se visse um joguito de futebol, até seria capaz de compreender. Mas ver aqueles personagens cinzentões a dissertar sobre assuntos chatos até à medula, é coisa que ainda não consigo entender. Porque razão não mudei de canal? Uma das razões que me assaltou, teve a ver com a curiosidade de aferir sobre os reais motivos, que moviam aquela gente a querer ser presidente do “glorioso”. Mais intrigante ainda era vislumbrar os motivos do senhor Madaleno [que a escassos minutos dos resultados oficiais, colocava em causa a credibilidade da sondagem à boca das urnas]. Mas esta justificação não me satisfaz.
Seguiu-se o «Portugal em Directo» na SIC. Perante os elogios contidos dos estrangeiros que opinaram sobre o país, ferveram-me os neurónios e veio de lá uma onda de optimismo tal, que nem após uma retumbante vitória desportiva consigo ter. «Claro!» – pensei eu – «Estamos rodeados de pessimistas e "velhos do restelo", o país até é bom. Não é apenas sol, praia e asnos para passear. Vamos acreditar nas nossas potencialidades, vamos lutar pelos ideais lusos, os outros não são melhores do que nós, vamos...» Por esta altura as minhas divagações faziam-me lembrar os dias mais inspirados do sr. Monteiro. Comecei a temer pela pureza do que me ía na alma.
Quando fiz descansar o comando da televisão e parei no programa da Júlia, os pensamentos passaram a ser turvados com verborreia e quejandos. Estava na fase enjoativa. Veio o «Livro Aberto» e a serenidade voltou. Voltou tão depressa que não cheguei a ver o programa até ao fim. Adormeci.
No dia seguinte o cinema esperava por mim.

quarta-feira, novembro 05, 2003

XXXVIII. Televisão, cinema e mais qualquer coisa 

Na passada semana, experimentei duas sensações que há algum tempo andavam arredias.
A primeira delas resultou da maratona televisiva a que me entreguei. Começando por um spot publicitário [não assinalado como tal] a uma intocável instituição nacional [leia-se Benfica], elaborado pela televisão do Estado.
Seguiu-se uma estreia prometedora na SIC – «Portugal em Directo». O primeiro tema do programa foi “o estado anímico da nação”. Serviu-se de depoimentos dos convidados em estúdio e de transeuntes de cidades como Évora, Bragança ou Coimbra. Retive deste programa duas impressões dos jornalista estrangeiros convidados – o correspondente da «TVE» em Portugal e da autora da reportagem sobre Bragança, na «Time». O espanhol, disse a dada altura, que os portugueses têm de ser mais optimistas e não disfarçou uma certa “dor de cotovelo” pelo que afirmou sentir no nosso país, “a democracia está bem enraizada na sociedade portuguesa”, dando como exemplo a recente entrevista do P.R. A senhora da «Time» confessou já viver há mais de trinta anos em Portugal e vincou que o melhor deste rectângulo distorcido, são as pessoas.
Ainda passei pelo «Crime – Disse Ela» made by Júlia Pinheiro e acabei o serão com o programa de FJV na RTP1 [para os privilegiados podem vê-lo em primeira mão na NTV]. No «Livro Aberto» falou-se, entre outras coisas, da ideia genial que levou à concepção deste blogue: Leitura Partilhada.
Pareceu-me, depois desta maratona, que o melhor que a TV [entenda-se canais de sinal aberto] oferece, só vem depois da meia-noite. Antes disso, enfim, é melhor nem dizer nada...

A segunda sensação deu-se, depois de visionada mais uma obra cinematográfica da autoria de Lars Von Trier. Falo obviamente de «Dogville». Vou deixar para um posterior post algumas das impressões que retirei do filme. É importante referir desde já, que esta foi a terceira ou quarta obra que vi de Von Trier. Talvez por esse facto, parte do seu conteúdo, não constitua uma surpresa para os seguidores das películas do realizador.


Nota: Quem é que já viu o Matrix?

XXXVII. Contas de transmontano 

Aqui, o barman de serviço, vive há muito siderado pelo fascinante mundo dos blogues. Há largos meses que a internet é [quase] sinónimo de blogosfera. Porém, esquece-se que este não é um mundo de livre acesso. É a velha chantagem. Toma lá, dá cá.
As duas últimas facturas da PT, apresentavam números rondando os 50 euros cada (respeitantes ao uso da internet). Custos da via analógica. Sei que podia pagar 35 euros por uma ligação de banda larga. Sempre ficaria mais em conta. O problema é que não pretendo, nem posso pagar semelhante quantia mensal. Como ainda me resta algum bom senso, é minha obrigação apertar o cinto. Não! Manuela, não! Ninguém se lembrou de si.
Bem tento usar a net num curto espaço de tempo, carregando os blogues [ou outros conteúdos] que aprecio, o mais rapidamente possível e posteriormente lê-los em off line. Mesmo assim, a relação custo/benefício – tema tão caro aos economistas – não é satisfatória.
Penso no que poderia fazer com os 100 euros gastos nos últimos dois meses. Poderia comprar 20 livros da colecção «Mil Folhas» ou adquirir uma passagem de ida e volta a Londres ou assistir a cinco ou seis concertos do «Intercéltico» ou queimar uns Ilfords valentes na máquina fotográfica ou até, comprar um «Barca Velha» (bem negociado).
Assim, vou tentar uma última vez, usar as formas de poupança possíveis – pc’s de amigos altruístas, não estão fora de hipótese - para conjugar tempo, custo e proveito.

Dei conta de uma tentativa de recenseamento dos transmontanos do sítio.
Mesmo usando o anonimato até quando me der na real gana, não posso fugir à responsabilidade de defesa das minha origens. Corre sangue transmontano nas veias do barman que vos serve. Devo enaltecer o orgulho que me invade ao saber de tantos e tão nobres homens que saíram de trás do Marão e se entregaram nas mãos de tão curiosa nação. Uns reconhecidos, outros nem por isso. Mas do duro transmontano, espera-se sempre mais.
Por mera curiosidade, sei que na árvore genealógica de barman, consta um Sr. Adolfo de S. Martinho de Anta. Claro, sou um degenerado.



Nota: Agradeço a simpatia do sr. Coronel, que por aqui tem “repousado o espírito”. Quando actualizar os meus links, lá estarão com certeza.

quarta-feira, outubro 29, 2003

XXXVI. Conversas no ar – Mastroianni, Wilde e o Bobo da Corte? Claro que não. 

- Grande B! Então, isso rola?
- É... Vai-se. Vale-me a inspiração.
- Ah! Claro! Obrigado pelo desenrasque d’há dias.
- Que nada V. Se puder evitar atritos evito-os. Mas não fujo deles, como bem sabes... Adiante. E o Z? Recompôs-se?
- Xiii! Nem te digo nem te conto. Nesse dia devem-lhe ter rogado alguma praga...
- Então?
- Conheceste o «Dolce Vita»?
- Se conheci. O tal com vida de filho de Rei e autor daquele “célebre” bilhetinho que ninguém esquece: “Mamã, Papá. Sou militante de um partido político mal amado. Sofro enormes pressões. Vou exilar-me por uns tempos. PS: O homem da «Excel» deve ir aí ter convosco. Tratem-no bem. Ele tem mau feitio”.
Aqui, também deve umas coroas.
- Pois. O tipo “enforcou-se”.
- Mesmo?
- Não! Quero dizer, que tem companhia certa...
- Ah! De facto, não o via com arcaboiço para assentar tão cedo. E onde entra o Z na história?
- Foi ele que me contou as boas novas.
- Ainda não entendi.
- Espera! O Z também contou a história à C.
- E daí?
- E daí, caro B, ficou a saber que a companhia do «Dolce Vita» era...o «Reaccionário».
- O carrasco do casório do Z?
- Esse mesmo!
- Eh lá! Como caraças! Que história dos diabos. O «engatatão» cá do bairro é «larilas» e o «Reaccionário», auto denominado de macho latino, cedeu aos seus encantos...mas...pera aí! Não vejo nenhum malefício para o ego do nosso migo Z? Pelo contrário. Bem podia ser motivo, para uma gargalhada libertadora...
- Podia. Lá isso, podia, não reagisse a C como reagiu.
-Então?
-Disse ela: “Um tipo tão mau de cama só podia dar nisto”.
-Caraças! Ou hoje ando lerdo ou não vejo mais nada para além do que já sabíamos?
-Caro B. Ela não se referia ao «Reaccionário», mas sim... ao «Dolce Vita».


Assinale-se:

Qualquer semelhança com factos ou situações reais, é pura coincidência.

segunda-feira, outubro 27, 2003

XXXV. Jogas bem. Até quando? 

Apareces, fugazmente, no corpo de uma transeunte que te agrada. E, contudo, não te conheço. Sinto a tua presença. És caprichosa e não tens hora nem lugar. És presente. Habitas o meu sonho de amanhã. E não te vejo no passado.
Castigo-me por não saber chamar o nome às coisas e me perder na busca da magia das palavras que te são caras. Sei, que parte do teu mistério, se recolhe por aí.
Deixas soar risadinhas de escárnio por não conseguir decifrar, nem tão pouco desbravar caminho, no sentido da essência que te alimenta.
Ontem, julguei te ver no meio da tribo que pensei ser a tua. Ela olhou-me com os teus olhos e não hesitei.
Tens razão. Perdi o meu tempo. Quem disse que a ingenuidade não mata? Fiz tudo, mas tudo mesmo para ter de ti a expressão que se opõe aquela que me quiseste dar, embrulhada de desprezo e fel que tão bem sabes dosear.
Se foi essa a culpa que tive? Sim, concedo. Ainda consegues estar um passo à frente de mim. A tua crueldade é felina. Já sei, não eras tu.
Estou certo. Viverei até ao dia que ultrapassar essa linha de sombra. Até lá, irás insinuar-te numa qualquer montra que retenha o meu olhar.
Marcas o passo deste jogo. Mas a ti lembro: os ventos da sorte bebem do mesmo que usas para me iludir. Espero pelo teu momento de fraqueza.

sábado, outubro 25, 2003

XXXIV. Dogmas que se abatem 

Observei há dias, uns jovens estudantes do secundário em repasto vespertino, numa modesta pastelaria. Sentaram-se comodamente a meu lado, proporcionando-me inusitada companhia. Trajavam umas calças largas, coloridas e rasgadas aqui e acolá. Usavam cortes de cabelo que estilhaçaria qualquer vidro lá de casa, algumas argolas nas orelhas, uns «piercings» espalhados pelo rosto e uns «xailezitos» roçados a cobrir os ombros. Ainda pensei que fossem uma excepção por ali. Mas não. Mais uns minutos e a mesa compõe-se com mais uns amigos ornamentados com vestes coerentes ao gosto do grupo. O meu espanto surgiu quando me apercebi dos temas da conversa. Perfeitamente de acordo com aqueles que tinha com os meus colegas no tempo de liceu. Exceptuando, talvez, aquela história da foto ao «fio dental» da professora obtida com um «modernaço» telemóvel colado ao pé. Aqueles eram normais estudantes do secundário. Aí, tive a «certezinha» que estava a ficar velho.

Quando a palavra «certezinha» sonda a minha cogitação, relembro o que ouvi dizer ao falecido Mourão-Ferreira: “arranjam-se umas «certezinhas» para contornar a dúvida”.
Uma daquelas «certezinhas» tida como absoluta, era a que ligava o facto de a cada ser humano estarem associados, fatalmente, outros dois. A mãe e o pai. Há algum tempo que se sabe não ser necessário a «inevitável» relação sexual - tão profícuo tema – para consubstanciar a descendência. Tal não pressupunha a exclusão do fundamental papel reservado aos supra citados multiplicadores de vida. A relação entre eles é que se podia realizar de forma diferente. Até aqui, tudo bem. A «certezinha» mantinha-se como verdade sólida e imutável. A humanidade não tinha outra forma de se fazer multiplicar. Isto era assim até há bem pouco tempo.
Hoje, a «indústria» genética. Repito. Hoje, a ciência permite que um dos mais velhos dogmas associados à espécie humana possa ser atirado às malvas.
Este é um tema que já suscitou e vai continuar a suscitar os mais diversos comentários, teses, teorias sobre o futuro reservado ao Homem. Não vou enveredar pelo caminho da discussão sobre a clonagem. Falar sobre a proibição da clonagem de seres humanos é o mesmo que cultivar em terra estéril. Tal a inviabilidade da medida para evitar o inevitável. No futuro as sociedades terão que conviver com os semelhantes criados por esta via.
Sabendo dos preconceitos conhecidos para com o que é diferente, não é difícil antever os conflitos que essa convivência irá criar.

Estreitando o universo das hipotéticas consequências a gerar por essa futura convivência, não consigo deixar de pensar na imensidão de perguntas que se irão juntar às existentes, nas cabeças dessa futura geração.
Conhecidos que são os reflexos de uma boa, má ou inexistente relação com os progenitores no futuro de cada um, não custará imaginar a diversidade emocional a desenvolver-se com os descendentes via artificial.

Este tema surgiu-me quando lia mais considerandos sobre o caso que tem abalado o país (não coloco o nome para não ter visitas indesejadas, bastam-me aquelas geradas com os «desb_loqueadores ca_bo saté_lite»). É curioso verificar que na base deste episódio da vida do país, estão infâncias complicadas. Tanto de vítimas como de verdugos. Digo isto servindo-me de teses de quem está mais habilitado para discutir o tema. Estes defendem "a correlação entre infâncias problemáticas e virtuais danos futuros infligidos a quem possa sentir o mesmo que os praticantes de semelhantes actos sentiram no passado". Ufa! Obviamente, isto não explica tudo. Mas, parece-me um factor importante a ter em conta, quando se reflecte sobre o caso que abala o país.

Quiçá, influenciados por este contexto sombrio, ouço muito boa gente de horizontes limitados, afirmar que este é um tempo de degradação generalizada e irreversível. Ouvem-se frases tipo: “o mundo está perdido”; “veja-se a podridão a alastrar por todo o mundo”; “ninguém acredita no bem”...
Cá por mim, tendo presente a visível mudança de valores e algumas perturbações nebulosas no planeta que habitamos, devo dizer que aprecio sobremaneira o privilégio de viver nos tempos que correm.
Há quem diga que o Homem do Séc. XXI, tirando o avanço tecnológico, é na sua essência igual ao do Séc. XIX. Alguns defendem a conhecida teoria da repetição da História, como forma de anular o propalado avanço da humanidade.
Ao nível do pensamento, o Homem poderá efectivamente não ter evoluído por aí além. Porventura, até terá recuado.
Mas, há pelo menos três dados que fazem desta página da história da humanidade, um episódio ainda não relatado – quem sabe nos tempos da Atlântida. O nível tecnológico, o número de habitantes do planeta, e a reprodução humana via clonagem.
A partir daqui, nada será como dantes.



Nota: Um cumprimento especial a quem perdeu parte do seu precioso tempo com as divagações aqui do barman de serviço. Destaco a honrosa menção nos links de aviz; o epíteto de «clássico» pelo mar nada insosso; de «educador» pelo médico explicador (tomara que os meus velhos pensassem o mesmo); e consequente copy e paste do mesmo post no fumaças.

domingo, outubro 19, 2003

XXXIII. Flashs 

* A Portugal Telecom vai devolver a taxa de activação. A nossa “amiga” PT pressionada pela DECO e por decisão do Supremo Tribunal da Justiça, vai devolver aos «patinhos» dos seus clientes, o dinheiro proveniente do chamado impulso de activação da chamada em conversação. A partir do dia 3 de Novembro, mediante a apresentação das facturas correspondentes aos meses do ano 1999, a PT apurará o dinheiro a ser restituído aos bolsos de quem não devia ter pago a referida taxa.
A PT tem destas coisas. Já não bastava serem uns chatos do catano ao usarem a rede própria para promoverem os produtos da casa, agora acham por bem vedar o acesso aos domínios do sapo a todos os que não se liguem pelas contas de internet por eles disponibilizadas.
Barman começa a dar ouvidos à «razão»...

* Repararam na Pública de hoje? A entrevista concedida por Paulo Pedroso é interrompida com três páginas publicitárias, no mínimo, curiosas.
A primeira dessas páginas é dedicada a uma marca de Whisky e serve-se do seguinte slogan: “Há momentos que nos provam que o segredo de speyside não é apenas uma lenda”.
A segunda publicita uma marca familiar aos delegados de propaganda médica, onde se vê uma criança em tronco nú com a inscrição: “Válido até: ter todos os amigos, ganhar todos os beijos e realizar todos os sonhos”.
A terceira delas promovia uma empresa da área da cerâmica do vidro. Ilustrada com um cruzado par de pernas masculino e com a seguinte frase: “Feito à imagem e semelhança do homem. Divino, portanto.”
O departamento de marketing do Público é arrasador.

* Pacheco Pereira nunca tinha ouvido falar na obra literária de Peter Carey - Oscar and Lucinda?
Até o ignorante do barman que por aqui rabisca, sabia que Peter Carey havia ganho o Booker Prize e recorda perfeitamente os comentários produzidos por Francisco José Viegas na TSF a propósito de algumas obras deste escritor...
Vão ver JPP não sabe quais as razões que motivam a comparação do seu percurso ao de Olivier Rolin - recentemente entrevistado por Carlos Vaz Marques.
A mim, cheira-me a provocação de Pacheco Pereira.

* Miguel Sousa Tavares publicou recentemente o seu primeiro romance, Equador. Já vai na sua sétima edição. Curiosamente esta última é um pouquinho diferente das anteriores. Tal deve-se aos 22 erros cometidos e quantificados posteriormente pelo autor. A sétima edição já vem corrigida. Claro. Aqueles que, como eu, compraram uma das edições anteriores sentem a necessidade de comprar esta última.
Será isto mais um golpe de marketing da Oficina do Livro? Eles são mesmo bons nisso. A prová-lo estão aqueles autocolantes na capa de Equador com Vasco Graça Moura afirmando “...há vinte anos ou mais que eu não devorava um romance português, como me aconteceu com Equador". Fizeram-me gastar de imediato 25 «broas» no Pingo Doce.

* Ah, já agora. Quem é que se borrou com aquela história da escuta telefónica?


Nota: Quase que não cumpria a promessa de um post por semana. Entretanto fervilham por aqui, algumas "ideiazitas" para o stock do bar. A ver vamos.

segunda-feira, outubro 13, 2003

XXXII. Dica para miúdos e graúdos: Fumar pode provocar... SuRpReSaS 

Parece que ainda estou a vê-lo. Cigarro depositado entre os dedos, ensaiando uma “isqueirada”, fazendo orelhas moucas aos pedidos impetrantes do puto. Até...
Até que o puto disparou:
“Papá! Se o cigarro mata, porque é que ainda não morreste? É a brincar não é?”
Vi-o desfazer o cigarro semi aceso no cinzeiro molhado. A gastar resmas de guardanapos para limpar a cinza colada aos dedos. Nunca vi tanto papel desperdiçado por nada – claro que vi, mas tenho que ilustrar o ambiente emocional – “Filho! Qual era a bolinha que querias? Aquela amarela?”.
Se ele deixou de fumar, não sei. Mas que nunca mais o vi puxar de cigarro depois do jantar... Lá isso...

domingo, outubro 12, 2003

XXXI. Sonho das insónias 

Sonhei que tinha um sonho.
Não sei se era um sonho que valesse ser sonhado.
Sei que sonhei no sonho que tive.
Perguntava-me no sonho que sonhava,
Se podia sonhar e sonhar no sonho.
Sonhando como sonhava, não seria nenhum sonho
Sonhar com o sonho que sonhava.
Sonhando no sonho com o sonho,
Consegui lembrar
Que para sonhar e bem sonhar,
Ao leito me haveria de dar...

Bons sonhos!

quinta-feira, outubro 09, 2003

XXX. Nostalgias? 

Barman sente algo de difícil caracterização – pelo menos por mim – quando ouve pessoas que viveram no anterior regime a tecer considerações, sobre o mesmo, usando paninhos quentes. Que aconteceu à memória desta gente?
É complicado argumentar com conhecimento de causa quando não se sentiu o ambiente dessa época. Um exercício que faço para ter uma noção da mudança de tempos é pegar, algures na vivência passada, num acontecimento, num determinado grupo, numa específica visão política, (...) e compará-lo ao seu valor actual. Vou tentar demonstrar com um exemplo elucidativo.
Barman cresceu com referências onde o idoso desempenhava um papel activo na condução de determinados aspectos familiares. Nomeadamente na exaltação de valores que este julgava caros à sua estirpe. E era respeitado. Sim. Em alguns casos confundido com temor. Mas o patriarca era, fatalmente, um cânone para os demais descendentes. Confrontando o papel reservado ao idoso nesse tempo, àquele que hoje conhecemos, temos uma noção da mudança das concepções do mundo.
Neste quadro até compreendo um velho mais saudoso (digo velho porque a mulher não eram tida nem achada para quase nada) desses tempos - época em que ditavam alguma coisa. Mesmo vivendo em condições duríssimas, – falo obviamente da maioria da população portuguesa- pelo menos no seio familiar, o decano e os seus valores eram incontornáveis. Este sentia e fazia sentir a sua personalidade.
Compreendo também o tom reaccionário de muitos que deixaram uma vida feliz em África para regressarem à metrópole. Nalguns casos deixaram um país cheio de recursos e mais evoluído para viverem noutro pobre e miserável. Viram as suas vidas andar para trás. E, perante tamanho choque, tiveram de arranjar um bode expiatório das suas frustrações. Pois casos houve de total insucesso na adaptação à “casinha portuguesa”. Não se estranha por isso a escolha do vilão Mário Soares e da imensa nostalgia pelos tempos do senhor de Santa Comba Dão.
O que custa a dissolver, que dá volta à cabeça, que não se compreende é observar gente que sofreu a bem sofrer com o anterior regime como estarem presos, serem espancados, explorados, colocados à mercê da irrisão... Afirmarem que esta geração está perdida e só lhes valerá uma nova encarnação do dito cujo...
Ultrapassa a minha compreensão. Quem sabe a vossa domine este paradoxo.


Nota: Olhem que andam por aí uns tipos, que não têm mais nada que fazer, e vêem programas de poesia com intervenientes experimentados na arte de bem "blogar". Não sou um dos 500 compradores de poesia. Mas posso vir a ser. Ah! Falaram por lá num José Mário. Diz-vos alguma coisa?

Nota 2: A desfaçatez deste barman ainda me vai arranjar dores de cabeça ;)

terça-feira, outubro 07, 2003

XXIX. 62 dias... 

Barman aproveita estes efémeros momentos de fama (atingir 50 visitas num só dia equivale a um "Roque Santeiro" em tempos de domínio absoluto da RTP) para mais uma vez se desfazer em agradecimentos a esses “gandes malukos” (lembrar post IX) pelo terceiro prémio arrecadado no Mata-Mouros (tem calma Bacall, ainda terás o teu Oscar carreira).

Faz hoje precisamente dois meses que barman perdeu a vergonha. E, vai daí, lembra-se de gatafunhar algumas das idiossincráticas divagações. As outras ficam para daqui a uns anitos - isto ainda não é assim tão liberal como alguns julgam.
Se este cantinho da net tem dois “mesitos”, a descoberta deste mundo, deu-se pelo início de 2003 (ver post de apresentação). Aliás, anda por aí no histórico de um qualquer servidor, um weblog de nascença muito anterior ao Abrupto (não coloco link para este não engordar o sitemeter às minhas custas) que pode provar isso.

Como qualquer relação humana, dias houve mais pessimistas outros mais optimistas sobre esta coisa que alguns se atrevem chamar de “blogosfera”.
O balanço possível deste escasso par de meses é de difícil apuramento.
Se por um lado se descobriu um mundo novo que ajudou a moldar uma outra ideia do que nos rodeia, noutra perspectiva, esta relação, exige demasiada atenção. Monopoliza muito (se não todo) do tempo disponível para além do reservado às tarefas do quotidiano.
Ao longo deste quase um ano de experiência “blogosférica”, confirmei aquilo que há muito pressentia. Existe um mundo sensível e inteligente para além daquele que nos querem impingir pelos canais de comunicação tradicionais. Isso é bom. Muito bom. Estimula e cria ilusões num novo mundo. Não sei se melhor. Mas seguramente diferente.


Nota: Se virem no v/ sitemeter o link dos frescos com longos minutos de permanência, deve ser barman a catrapiscar os vossos rabiscos. Se a referência que por lá vos aparecer tiver o link deste humilde bar, será resultado do poder persuasivo que barman já detém por estes lados.

quarta-feira, outubro 01, 2003

XXVIII. "FatBoys", Santos e Margarida 

(Como havia dito no post XIV, barman dedicará um espacinho ao futebol. De catorze em quatorze "postas", dirá de sua justiça sobre o tema que todos conhecem. Sendo um seguidor e amante do desporto-rei, não podia deixar de mandar as minhas biscas.
Mais logo, o F.C.P. jogará o seu quarto grande jogo do ano. Depois da Lázio, Celtic e Milão vem o D. Real. E, sabendo a história dos três primeiros jogos acima mencionados, só se pode esperar uma noite de futebol a sério).

Seguindo uma forma de apresentação usada por muitos dos nossos “opinion makers” (modéstia é comigo). Assim vão embrulhados estes rabiscos sobre futebol.

1. O prometido é devido. É certo, com algum atraso. Mas a disposição não era a melhor após a real derrota. Já não me lembrava (nem lembro), a última vez que o Porto perdeu com três golos nas suas redes. Restringindo o universo aos jogos efectuados nas Antas, mais difícil se torna recordar tal feito.
A única consequência amarga do jogo com o Real Madrid, teve a ver com o facto da equipa do Porto ter discutido o jogo, não se remetendo à sua defesa. E isso poder servir de argumento para os que defendem tácticas mais conservadoras. Claro que me lembro de Octávio. De resto, como já ouvi por aí, os adeptos do Porto têm esse privilégio de só verem a sua equipa perder frente a campeões europeus. Mas diga-se, face ao desenrolar do jogo, pareceu-me um resultado “pesadote”.

2. Aquele estrutura táctica concebida por Mourinho, fez-me sonhar numa noite de glória. Senão, reparem. Sabendo que é quase impossível tirar a bola aos jogadores do Real, nos pés de Zidane, então, ela ganha outra vida. A solução seria ficar com a posse da dita. Porquê? Primeiro porque o Real Madrid guardaria o talento para outras ocasiões. Segundo, pelo que se viu da equipa espanhola, esta não é muito de meter o pé quando perde a posse do caprichoso esférico. Parecia-me ousada a ideia de Mourinho. Mas era a única possível para conseguir derrotar os galácticos, com toda a categoria do futebol positivo.
Só que uns inauditos falhanços defensivos da equipa azul e branca e um Casillas em noite inspirada, deitaram tudo a perder. Agora é fácil falar. Mas se no lugar do nervoso Ricardo Fernandes, estivesse Alenitchev (lesionado) que sabe tratar bem a bola. Não sei se a história seria a mesma...

3. Vencida a batalha pela posse de bola, restava-nos apreciar a classe dos seus intérpretes. O Zidane é indiscutivelmente o melhor jogador do mundo. Mesmo a meio gás, é capaz de transformar um lance inócuo numa dor de cabeça para a equipa adversária. Também gostava de saber qual a dieta de Roberto Carlos. O homem quando mete o turbo, parece que ganha asas... Se estes já davam água pelas barbas à defesa portista, também um tal de Figo, se lembrou de testar o luso Nuno Valente (pensava, obviamente, no Euro 2004).
O Valência é que tem a culpa. Não bastava terem derrotado a armada espacial, lesionam o Beckam. Resultado. Entra na equipa o galáctico Solari. E mostrou, mais uma vez, a relação privilegiada com a baliza do Porto. Pensar que um jogador desta categoria (licenciado), se encontra normalmente no banco de suplentes...

4. Barman interroga-se, sobre a razão de tamanha embirração, que o nome Fernando Santos provoca a muito boa gente. A coisa não é exclusiva de sportinguistas. Lembro-me bem que muitos portistas, já nem podiam ver o homem. Que mal lhes fez Santos?
Em três anos de Porto ganhou, um campeonato, duas taças de Portugal, uma ou duas supertaças, levou a equipa, duas épocas consecutivas, aos quartos-de-final de uma competição europeia (a primeira chamava-se Liga dos Campeões e pela primeira vez o vencedor teria de fazer, no mínimo, 17 jogos de alto nível para conquistar o trofeu – o Porto fez 14 jogos e perdeu ingloriamente com o Bayern de Munique uma ida às meias-finais). Se isto não bastasse para valorizar o seu trabalho, é bom lembrar que os campeonatos que não ganhou, foram perdidos, somente, na última jornada. O último para o Boavista, que fez uma ponta final de campeonato brilhante vencendo noves jogos consecutivos. Tantos como o F.C.Porto. Mesmo assim, as panteras, não se livrariam de acabar o campeonato nas Antas, com quatro certeiros balázios. E por um ponto se foi um título. Não esquecer que Fernando Santos foi quem geriu a saída de Jardel substituído por um Pena que valeu 23 golos na primeira época de dragão ao peito. Fazendo esquecer o “supermário”. Tarefa que poucos julgavam possível.
Se isto ainda não chega recordem-se do bom trabalho que fez na Amadora e posteriormente na Grécia. Aí, numa época, venceu uma taça e perdeu o campeonato...na última jornada. Quando muito podem acusar o homem de azarento.
Mas o engenheiro tem ainda no seu activo o facto de ter sido o primeiro técnico a implementar por cá, a chamada pressão alta e de ser, porventura, o único da sua geração que alia competência com profissionalismo respirando “fair play”. Querem mais? O Mourinho já tem contrato.

5. Deverão ser poucos ou nenhuns os que até aqui chegaram. Mas aos estóicos leitores, prometo ser este o último ponto.
Uma das boas consequências destas derrotas futebolísticas, é procurar outro tipo de entretimento para não cismar em demasia no que não interessa. Às vezes dá-me para a leitura, outras para o cinema, esporadicamente para os copos. Na madrugada de quinta-feira colei-me ao televisor para ver o programa de Viegas. Convidada: Margarida Rebelo Pinto.
Se me perguntassem qual o livro que deixei a meio, diria que, um deles, foi o “Sei Lá”. Não. Não o comprei. Tive a oportunidade de o ler. Tentei. E por aí me fiquei.
No entanto é importante ressalvar o seguinte. A entrevista confirmou-o. Ela assume o que escreve e não se quer fazer passar por aquilo que não é. Sobre isto, tinha dúvidas. Fiquei esclarecido. Francisco J. Viegas bem tentou uma confissão tipo. “Sim, isto é um bom produto, concebido como qualquer outro proveniente do contexto publicitário" (onde trabalhou). Mas não. Concedeu esse tipo de abordagem para a capa e outras campanhas de promoção. Só isso.
O que me deixou deveras preocupado (e não fui o único), foi aquela tese de que “os homens que não gostam de futebol são muito mais interessantes”.
Tou tramado? Ou também sou excepção?



Nota: O Gonçalves que Margarida referiu não é o mesmo em que estou a pensar? Ou será?

domingo, setembro 28, 2003

XXVII. Saturday night memories 

Clarões intermitentes, levantam o véu déjà vu.
Sou ofuscado por uma musa dos infernos ou por uma anjo perdido da sua razão?
Se és um anjo, aos céus não regressarás tão cedo. Uma longa estadia te espera no Purgatório. Os “Thievery Corporation” levantam em ti uma aura pecadora. A inocência dessa descoberta, afastam de ti a os epítetos d’um ser emanado das profundezas . Apelas ao melhor da tua sensualidade e embalas-me para um lugar etéreo.
Sou ostensivamente abordado. Causa. Impulsos detectados à flor da pele.
Perdi-te.
Perdi-te para outro que julguei ser eu.

Será este o teu Purgatório?

Perguntam-me clientes amigos: “Ó homem de Deus (?)! Só trabalhas? Não f...?”
Interpelam-me amigos fora do labor: “Pá! Só f...? Não trabalhas?"

Não está fácil desvendar os paradoxos das minudências quotidianas.



PS: Aqui, lêem-se propostas indecentes.

sábado, setembro 27, 2003

XXVI. Punch-Drunk Love 

De entre os filmes que se encontram na lista de espera de barman, “Punch-Drunk Love”, é porventura, o que mais anseio ver. É importante dizer que, se incluem nesse lote, alguns clássicos do cinema, como “The Deer Hunter” de Cimino (as três horas de duração adiam-no), “Persona" de Bergman (gravado por ocasião da exibição na RTP2, daquele espaço intitulado “Filmes da Minha Vida”, no caso, foi o de Maria L. Pintassilgo) ou ainda o "Stagecoach" de John Ford. Gravei-os em cassetes VHS. Possuem até, uma catalogação personalizada. Sei por exemplo que o “Cavalgada Heróica” (título português de "Stagecoach") data de 1939, dura 94 minutos e participam nele Wayne, John Carradine, ou Claire Trevor. Este terá sido o primeiro filme com a dupla realizador/actor, Ford/Wayne.

Uma das razões que alimenta esta ansiedade, tem a ver com o facto de Thomas Anderson (já entrevistado por Carlos Vaz Marques), ser autor de obras como “Boogie Nigths”, “Magnolia” ou (aquele em que participam Philip Baker Hall e o actor fétiche de Kusturica). Com um cartão de visita assim, nem era necessário reflectir. Mas imaginar o que nos reserva a criatividade de Anderson para um tema à volta do Amor, deixa-me em pulgas. E sabe-se, que de um tema como este, ou sai obra memorável ou coisa ridícula.

Mas sou capaz de apostar que este é mais uma pérola para a sétima arte. Made by Paul Thomas Anderson. Se assim não fosse, este homem, ignorá-lo-ia.
Escusado será dizer, que outro mundo, espera por mim...(salvo seja).

sexta-feira, setembro 26, 2003

XXV. Barman nas vindimas. 

Barman encontra-se exausto, mas feliz.

Uma vindima no Douro não será muito diferente de outras regiões vitivinícolas. Talvez o terreno seja mais acidentado. Exigindo por isso maior esforço no seu cultivo. Mas a forma alegre como é encarada a última etapa da árdua labuta vinhateira, particularmente no Douro, leva-me a pensar que este tipo de trabalho não é visto com aborrecimento.
Esta região é dotada, de uma beleza paisagística deslumbrante. É um crime não conhecer esta zona de património mundial.

Pelo que se viu, a produção este ano é grande e de boa qualidade. Não obstante, parece ter um efeito perverso nas “contas”, dos cada vez mais depauperados, agricultores durienses. O benefício concedido para a produção do vinho generoso é menor e o preço por pipa também. Consequências da “impecável gestão” da Casa do Douro.
Esta instituição estatal devia servir de exemplo, para elucidar os mais ingénuos gestores, sobre o que não se deve fazer num empreendimento com estas características. E pensar que deveria defender os interesses de quem elege as suas direcções...

Curiosamente esta região demarcada, celebrizada pelas características particulares do seu vinho generoso, o vinho do Porto. Tem de há uns tempos a esta parte, apostado nos vinhos de mesa. E muito bem. No entanto, é difícil compreender, os preços exorbitantes a que chega a ser vendida cada garrafa. É usual encontrar um tinto encorpado com 13º a preços a rondar os 10/15 euros. Assim é complicado promover o vinho.

Barman aconselha...hmm...não posso dizer. Publicidade aqui, não é permitida. Mas beber um bom vinho, regularmente e com moderação devia ser um prazer obrigatório.

Um brinde. Especialmente para si.

quarta-feira, setembro 24, 2003

XXIV. Oh Gedeão, Gedeão... 

Passou por este bar uma ilustre visita. Pena foi, barman, ter entornado a bebida sobre a sua impecável “indumentária”. Imperdoável. Coisas que acontecem e não deviam acontecer.

Pensar num assunto. Rabiscar acerca dele. Estar seguro da fidelidade à primeira luz. É algo realizável. Julgar que quem o lê o irá interpretar da forma desejada. É pura ingenuidade. Barman retracta-se.

Acreditava eu, poder ver para além de uns rabiscos pregados num disco. E admirar a coexistência pacífica num só homem, da elegância, da inteligência, do humor e até da arrogância... Que presunção a minha.

Dele (ou do conceito que se tem dele) espera-se sempre mais. Quando nos primeiros posts li aquela sugestão “À semelhança do IRS dos políticos, aos cronistas deveria ser exigida e tornada pública a declaração anual de relações pessoais”. Pensei. «Isto promete».
Mas humilhar publicamente um “desenganado da vida”, era coisa que não lhe conhecia nem previa. Daí a desilusão.

Parece que o homem, não vê mal algum, em promover o enxovalho público de uma peculiar criatura. Sente-se sim, ofendido por barman ousar comparar o seu gesto ao que Herman protagonizou com o “emplastro”. O “emplastro” não é o J.H.F. Da mesma forma que o Herman não é o A.G. A desproporção parecia-me suficiente para demarcar valias. Raios partam a “inspiração” que inquinou tudo. Logo agora que tomava coragem para lhe pedir um autógrafo.

Reforçam-se as razões (face aos escassos recursos retóricos de barman), para prolongar em banho-maria, as "postas" que daqui saem. Sob pena de ser lido de forma enviesada. Coisa que não se deseja.

Curioso título aquele, “Merda Filosofal”. Espero que não se tenha manchado.



Nota 1: Algumas pistas sobre a “natureza” de JHF. Vejam-se os comentários feitos neste blogue.


Nota 2: Ía colocar o poema do Gedeão mas a sombra até de noite tem vida...

segunda-feira, setembro 22, 2003

XXIII. Ela, os copos e o golo. 

Barman, dormitava com a mecanizada tarefa. Isto de limpar copos, tem muito que se lhe diga. Só quem passa por elas é que sabe, o que uma simples manchinha de detergente pode fazer a quem se sente dono do melhor humor do mundo.
Tudo bem. Concedo.
Não ajudou muito a ânsia desesperante pela chegada daquela... Daquela...Hmm... Bem...Não sei se diga. Ela pode ouvir. Ela não sabe. E eu não quero que ela saiba. Ou melhor. Querer até queria...
Não!
Não posso conceder um milímetro à minha estratégia. Sem a realizar não chego a lugar algum.
Isto de passar da teoria à prática... Ó meuza migus... Tem muito que se lhe diga.
É como limpar copos.
De início parece fácil. Aquilo é chegar, ver e fazer. Depois.
Depois.
Depois. Aborrece.
Aborrece a insistência. «Tens de acabar isto. Tens de fazer aquilo. Tens de acabar isto. Tens de fazer aquilo...»

GOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLOOOOOO!!!!!

E uma alegria irracional invade o espírito aborrecido.

sexta-feira, setembro 19, 2003

XXII. Falinhas mansas 

Lembrando o dito, “m’espanto as vezes, outras m’avergonho”.

Como o tempo não dá para tudo, é natural passar à margem de certas situações do quotidiano. Ajudem-me os estimados leitores a interpretar o que se segue. Acabo de assistir às provas de selecção do programa televisivo “Ídolos”. Gerou-se a dúvida. As referidas provas são reais ou forjadas?

Sabendo que se vive neste país, com a ilusão que tudo tem de ser resolvido com falinhas mansas, afinei o ouvido para aferir do que realmente se passava diante dos olhos. Sabem aqueles mais experimentados na vida, que esse é, seguramente, um dos factores atávicos ao desenvolvimento do país. Tornear o essencial para não ferir susceptibilidades é a especialidade aqui do “burgo” (porventura vêm daí os bons resultado da lusa diplomacia).
É crucial para o crescimento individual e colectivo ter a noção das virtudes e dos defeitos. E olhar de frente para eles. Para isso é necessário um sistema que saiba diagnosticar as falhas e as potencialidades e que depois ajude a minorar as primeiras e a desenvolver as segundas.
Este podia ser, o objectivo de uma ou mais legislaturas governamentais. E quando se fala em diminuir para metade, no espaço de sete anos, a distância que separa o país dos parceiros europeus em termos de produtividade, mais não se está, do que a tocar na coisa (pipi, desculpa o plágio).

Barman atreve-se a dizer que alguns, dos que leram o post até aqui, já vociferam contra autor de tão insensíveis rabiscos. «Não me digam que este tipo vai dizer que o programa televisivo tem um carácter pedagógico?!».

Claro que não. Estarrecido fiquei ao ver a forma como foi “despachado” um dos concorrentes. Com toda a virtual audiência televisiva a assistir. Só faltou dizerem “Opah! És uma merda. Se fosse a ti matava-me”.
Como dizia o “Remédios”: não havia "nechechidade". Há incontáveis maneiras de dizer não.



PS: O Homem a Dias desiludiu-me. Então, não é que se inspirou no Herman e colocou à vista de todos mais um case study?! Oxalá me engane. Mas parece-me que os suicídios vão aumentar nos próximos tempos.

quinta-feira, setembro 18, 2003

XXI. Holofote 

O incontornável Mata-Mouros concedeu-me a honra de mais um dos seus prémios semanais. Mais uma vez (e com atraso), envio daqui os meus júbilos por tamanha distinção e relembro o que escrevi no post IX.

Não posso esquecer também, os segundos de fama que me proporcionaram, o mal e o explicador. Eles que, por razões distintas, passaram pelo meu humilde mas digno bar, levando consigo um cartãozinho de visita. Cá vos espera a bebida do costume...

Barman vê-se na obrigação de confessar a existência de um enorme escolho à sua coerência. Aqueles de quem gosta e respeita são omitidos da sua mira mais vernácula. Não sabe tornear o dever de ser grato para quem lhe oferece o melhor de si.

Não se tirem daqui conclusões precipitadas. Simplesmente, barman não quer se acusado de ser homem de duas caras. E não pretende hipotecar, em hipótese alguma, a sua candidatura a presidente da junta...

domingo, setembro 14, 2003

XX. Desabafo resignado 

É curioso notar que, o resultado final de alguns posts aqui colocados, têm qualquer coisa a fazer lembrar o monstro de Frankeinstein. Pratica-se o modo de "postar", mas custa acertar no certo tom desejado para eles. Estendendo aqui, truncando ali e esgotando a paciência, faz-se a publicação do post. Resultado. Saem verdadeiras amálgamas, próximas de uma sopa de letras. Pobre de quem “leva” com o chorrilho de palavreado. Mas o que está escrito está dito. Mal ou bem, assim permanece. Salvo algum retoque que lhe preserve o significado.

PS: Há por aí uns mariolas que procuram por estas bandas “tv cabo+canais +desbloqueadores". Não percam o vosso inestimável tempo. Daqui , quando muito, levam uma boa dose de pasmaceira, imiscível com os vossos interesses.

sábado, setembro 13, 2003

XIX. 11 de Setembro e blogues anónimos 

Aproveitando um intervalo na sua labuta, barman debruça-se sobre a manchete de quinta-feira, do jornal “Público”. Observa o destaque dado ao 11 de Setembro chileno, e dá conta das diversas reacções que gerou nos últimos dias, em particular na blogosfera.
Independentemente da opinião que tenha pelo paralelo protagonismo dado aos dois factos, releve-se o interesse que teve para alguns (onde me incluo), reavivar a memória dos acontecimentos desse longínquo 11 de Setembro, vivido em terras chilenas. Digo isto, pois ignorava muito do que foi relatado nos artigos dedicados ao assunto. E sob esse ponto de vista, revestiu-se de um carácter formativo.

Mas, o que mais sensibilizou este modesto barman, foram dois textos publicados no “Público”. Um (editorial) do director do “Público” e outro de Miguel Sousa Tavares.
Em relação ao primeiro, devo dizer, arrepiou-me ler aquele dito, atribuído a Hugo Grotius, sobre “a legalidade de matar aquele que se está a preparar para matar”. Compreendo a necessidade de se reforçarem as teses que levaram os americanos a terem de agir. Mas causa-me grande confusão dissolver este tipo de expressões. Repare-se, seguindo o dito à letra, torna-se complexa a averiguação de tais intenções. Como é que se faz essa análise e como é que se toma essa decisão? Não queria estar na pele de quem decidisse pela vida de outrem, sem estar rigorosamente certo das intenções alheias.

Em relação ao artigo de opinião de Sousa Tavares, o que me leva a referi-lo, baseia-se no que foi escrito no quinto ponto do seu texto. O uso do anonimato via internet.
Não se pode aceitar que todos sejam tratados, como se fizessem parte do mesmo grupo. Uma coisa é fazer uma espécie de ensaio sobre o quotidiano, outra, completamente diferente, é tecer graves acusações a sujeitos concretos sem estes se poderem defender. No que concerne aos últimos, perfeitamente de acordo com os argumentos invocados. O que custa a digerir, é esse género de intolerância para com os blogues anónimos que vai proliferando por . Retiram-lhes a credibilidade e julgam-nos cobardes. Se há coisa de que barman não pode ser acusado, é de falta de intrepidez . Cobardia é coisa que não habita, nem habitou, por estes lados. Medo, sim. Mas as fronteiras distinguem-se bem (na minha perspectiva, claro). Se um dia virem barman acusar ou difamar alguém, sob a capa do anonimato e sem demonstrar o que afirma, apontem-lhe o dedo. De outro modo reafirmo o que disse nos posts IV e XII.
Aliás, penso que em última instância, os prejudicados são os autores. Se estes revelarem algum tipo de talento escondido e quiserem fazer uso dele, podem vir a encontrar problemas em provar a sua autoria (lembro-me deste, daquele e de daqueloutro).

Desde que frequento a blogosfera (vai para um ano), que este meio de comunicação me pareceu bom demais para ser real. Apesar dos maus humores pontuais para com a blogosfera (ver post VIII), o facto é que vislumbro no mundo dos blogues, aspectos positivos que não julgava existirem neste país
Temo estar a iniciar-se o processo, para legitimar o controlo superior da blogosfera. Se assim acontecer, acaba-se com a sua essência.

Só para terminar, descortinei no artigo de Tavares alguma incoerência. Então se “a única resposta digna e possível às acusações anónimas é ignorá-las, esquecê-las e não as reproduzir”, porque é que deu tamanho destaque a tão ignominiosos autores?



PS: Barman é, desde há muito, um indefectível seguidor e admirador do trabalho de Miguel Sousa Tavares. Alguns exemplos: Grande Reportagem (desculpe-me Francisco mas perdi uma certa imagem que tinha da GR, valeu-lhe aquela tirada dos livros da “Asa” para manter a fidelidade); artigos de opinião do “Público”, de “A Bola”; programas televisivos como. “Terça à Noite”, “Viva a Liberdade” e (aquelas entrevistas que repartia com a Margarida Marante. Crossfire?). E há dias, saíram-me uns euros do bolso para iniciar um romance...
Portanto, tenho habilitação para dizer, que não lhe conhecia este tipo de incoêrencias.

PS2: Vejam a desfaçatez deste barman ;)

quinta-feira, setembro 11, 2003

XVIII. É Bom. É Mau. É Chatwin. 

É bom saber que o mundo não é preto e branco.
É mau negar que existam mais cores, mais tons, mais formas de conjugar as ditas e de não ser exactamente igual.
É bom conhecer gente que logo se ama ou logo se odeia, por não saber fugir às suas razões de ser.
É mau perder um herói real que habitava há muito o nosso imaginário.
É bom ouvir uma história bem contada.
É mau não reconhecer o devido valor de alguém.
É bom saber que Bruce Chatwin viveu e fez viver.
É mau não se deixar seduzir por Chatwin e reduzi-lo a um “travel writer” mentiroso.
É bom ler, reler e ser encantado pelo talento de quem fez o que lhe deu na real gana.
É mau interromper uma viagem no seu prólogo, para pagar o preço de uma vida errante.
É bom saber que Chatwin não morrerá tão cedo.
É mau sentir o enfado de quem se julga único encantado de Bruce.
É Chatwin, o mestre do encantamento das almas.



PS: Sobre 11 de Setembro, que falem os outros. Barman será um leitor atento.

terça-feira, setembro 09, 2003

XVII. Luís Afonso passou por aqui? 

Vejo o Bartoon de segunda-feira no “Público”:

Cliente – Se for ao meu blog pode ficar a saber tudo o que penso sobre os últimos acontecimentos.

Barman – É para já.

Cliente aguarda alguns momentos.

Cliente – Então que tem a dizer?

Barman – Várias coisas. Escrevi tudo no meu blog.



PS: No post anterior, por lapso, atribuí a autoria de um trabalho no “Público” a Alexandra Lucas Coelho quando o deveria a atribuir a Alexandra Prado Coelho. O seu a seu dono.

terça-feira, setembro 02, 2003

XVI. Ameaças esquecidas pelo mundo 

Barman é ignorante. E como “bom” ignorante também é desconfiado. Desconfia da informação dita de referência, desconfia das opiniões dos expertos da retórica, desconfia da esmola (blogues à borla? Hum!!!), desconfia das suas próprias opiniões, quanto mais eloquentes parecem, mais desconfia...
Barman vive permanentemente na sua incerteza (lembrados sejam), mas, como já ouviu ao falecido Mourão- Ferreira, arranjam-se umas certezinhas para contornar a dúvida.
Se a incerteza é permanente, as perguntas são mais que muitas.

É incompreensível na perspectiva deste modesto barman (para refrear o desconforto de sentir no eco da própria voz, laivos de arrogância), olhar para as agendas políticas e não ver nas suas prioridades, os prementes problemas das várias sociedades que compõem o mundo.
Alexandra Prado Coelho, num trabalho intitulado “As Ameaças Esquecidas pelo Mundo” elaborado para o jornal “Público” no dia 20 de Julho do corrente ano, conseguiu tocar na questão em cima referida.
Aí enumeram-se dez questões que não estão a receber a devida atenção da comunicação social e da opinião pública e que tendem a ser esquecidos ou ignorados:
- O muro que está a ser construído entre Israel e a Cisjordânia;
- A sida e os exércitos africanos;
- A diminuição da população russa;
- A divisão hindus-muçulmanos;
- A guerra de água do Indo;
- O eixo Teerão-Nova Deli;
- Os Golias da indústria de Defesa;
- A guerrilha urbana;
- Ataques anti-satélites;
- A falta de porta-aviões (este problema coloca-se na óptica de defesa norte-americana conhecidas as intervenções simultâneas em variados pontos do globo).
Estas interrogações foram levantadas por dez analistas do think-tank RAND (seja lá o que for) a pedido da revista norte-americana "Atlantic Monthly" que pediu a estes para escolherem alguns assuntos que os preocupam e aos quais está a ser dada pouca atenção.
Na mesma peça jornalística, algumas personalidades portuguesas são também chamadas a darem o seu contributo e são referidas, entre outras, as seguintes preocupações:
- A demografia e as ambições da União Europeia;
- As tecnologias de modificação genética;
- Guerra contra a cultura e a natureza.
Só com estes três temas, podíam-se iniciar discussões infinitas e organizar os mais diversos eventos.
Mas tomo a liberdade de destacar duas questões. Para as quais são insondáveis as razões que as ausentam da ordem do dia. E que deviam ser permanentemente discutidas. Tanto pelo poder político como pela opinião pública.
Fala-se da demografia e da consequente pressão sobre os recursos naturais.
É de todo inconcebível alimentar padrões de vida, como os que possuem grande parte dos países do hemisfério Norte, ao sabermos do crescimento demográfico dos países do Sul e de todos os problemas que isso acarreta. Pior. Como é possível seduzir civilizações para o estilo de vida ocidental se racionalmente é manifestamente impossível realizar tais anseios?
Para formar uma ideia, elabore-se o seguinte exercício. Imagine-se cada família chinesa a usufruir da comodidade de um automóvel, de um frigorífico, de um micro-ondas, de um aquecedor, de um televisor, de um telemóvel...E faça-se agora um estudo sobre o impacto desta situação nos recursos naturais e no ambiente?
Fervo de curiosidade para saber dos resultados de um estudo assente nestes pressupostos.
Não pensam nisto? Não se preocupam com isto?
Pessoalmente não consigo conceber nenhuma forma de desenvolvimento de uma qualquer sociedade em particular, menosprezando as demais sociedades. Tudo o processo de desenvolvimento de qualquer país tem de ser feito em consonância com o interesse de todos. Não consigo ver outra forma de desenvolvimento. O processo de globalização é um motivo adicional que reforça (ou devia reforçar) esta perspectiva de desenvolvimento conjunta e concertada.
É neste contexto que aumentam as preocupações acerca da pressão demográfica e sobre a suas nefastas consequências. Que se fazem sentir numa primeira fase e de forma brutal nos países mais carentes.
Quem se preocupa com os mais desfavorecidos tem de resolver a equação demografia / recursos / sobrevivência.


ouvidobarman@lavache.com

sábado, agosto 30, 2003

XV. Espelho meu... 

O Ripas é daqueles amigos que, quando requerido a emitir opiniões, deixa o mais preparado dos interlocutores num contínuo desenrolar de “Améns”.
Há dias resolveu parodiar com o barman de serviço.
- Então rapaz! Parece que tens desencravado a língua por aí. Ou melhor as falanges. Muito bem! Desconhecia era esse teu talento para imitares o nosso Presidente. Aquela tirada do: “Há um grupo de preconceitos que inquinam a desejável democratização da expressão do pensamento”, foi sublime!
Bem, aqui o barman desfez-se em considerandos - Isto é uma maneira de praticar o português, de estruturar ideias e por aí fora. Barman já se sentia satisfeito por Ripas não prolongar a sua observação. Mas este continua.
-É bom reconhecer que ainda tens de pedalar um bocadito para conseguires expressar uma ideia de forma estruturada e bem escrita. E que dizer daquele título, “Impessoalidade e Ideias”? Por momentos julguei estar a ler o Boaventura S. Santos. E há por aí muitos assuntos que bem podiam ficar esquecidos, algures na massa cinzenta. Que história é essa de vincares o teu “portismo” e achincalhares o glorioso? Um barman não tem clube, não se manifesta, abstém-se do uso de opinião. Um barman é por natureza congraçador - discorria em tom jocoso.
– E, caro barman, sabes que nutro por ti profunda consideração - «Certo, certo, acabaram-se os números de telemóvel das meninas “sveltess”» - pensou barman. - Mas sabes que deambular por terras desconhecidas pode reservar um mar de incertezas e de perdições. - «Paternalismo, a esta hora? Por hoje “no more” daiquiris».

-Sabes B., tenho aqui um bico de obra. Uma menina de boas famílias, acabou de me enviar a seguinte mensagem: N keru acordar c/ mana ao lado. Tété tá q n pode. Lili over c/ Alberto. Conto ctg. Jinhu! Lu.
- Então qual é o problema? – pergunta B.
-Sabes bem qual é o problema...
-Ah! Isso! Compreendo. Tenho um amigo que me disse qualquer coisa como isto:
“Deambular por terras desconhecidas, pode reservar um mar de incertezas e de perdições”...

quinta-feira, agosto 28, 2003

XIV. “FatBoys” 

Como amante de futebol, barman já havia reservado um espaço para dele aqui falar. E sendo o tema mais falado pelas nossas bandas, resolveu abrir-lhe um cantinho neste humilde blog. Mas não proporcional ao seu real impacto.
Pensei, bem, de sete em sete “posts” falarei de futebol. Não! É melhor de dez em dez “posts”. Passadas treze “postas”, nada. Tem que ser hoje e calha bem (afinal uma equipa tem onze jogadores, há o décimo segundo jogador que é o árbitro, o décimo terceiro que são os auxiliares e por último o décimo quarto, o público).
Barman que se preze deste país, tem de gostar de futebol. Mais importante. Tem de falar de futebol. Mais importante ainda, tem de ser benfiquista. Para mal dos seus pecados, este barman é um indefectível portista. É complicado, muito complicado ser portista. Mas já foi pior.
Este fim-de-semana futebolístico revelou algo que, andava no ar, mas ainda não estava confirmado. O F.C.P. já consegue arrancar aplausos onde antes ouvia apupos e era apedrejado. Isto só prova que aquilo que parece irremediavelmente imutável no futebol, pode evoluir.
Reconheço que boa parte do ódio que este clube provoca por esse mundo fora (digo mundo porque boa parte dos “seis milhões” vivem além fronteiras), provém de uma forma muito peculiar dos seus dirigentes defenderem a sua dama. Foi, porventura, compreensível na altura de quebrar a hegemonia dos clubes de Lisboa. Hoje é de todo contraproducente. Apesar disso, o meu clube continua a não mexer com os corações da nação como o faz (ou fez) o arqui-rival Benfica. Basta imaginar o que não seria substituir o nome F.C.Porto nos títulos alcançados esta época, por S.L. Benfica. Era o delírio absoluto. A crise que por aí se apregoa seria apenas uma situação pontual.

Constatei com surpresa que o género de adeptos dos três grandes, não representam aquilo que pensava há tempos atrás.
Seguia e sigo o fenómeno benfiquista, a equipa de futebol, admirava muitos dos seus treinadores, nomeadamente Eriksson que respirava classe e fair-play, num mundo adverso para tal. E julgava os adeptos benfiquistas como esses treinadores. O tipo de adepto modelo. Esta visão era reforçada ao cruzar-me com alguns adeptos do meu clube. Verdadeiros “grunhos”.
Foi com espanto que assisti por via de um pré histórico televisor de uma casa alentejana com vista para a “fulminada” Serra de São Mamede (isto só para dizer, que já estive em Castelo de Vide e me dói pensar no que aconteceu à Serra das águas “Vitalis”), à derrota do Benfica frente ao Rio Ave. Três bolas a uma. Era Manuel José o treinador encarnado. O intocável Benfica caía. E com a queda se viu o pior dos benfiquistas. Presidentes demagogos e habilidosos; assembleias de clube “seguras” por “body guards” e própria aos impropérios; festas de futebol transformadas em sangue nas bancadas (esta tive oportunidade de ver ao vivo e falarei dela noutro post).
Os adeptos do Sporting que mesclam entre si o adepto popular com o adepto mais elitista, confirmaram aquilo que sempre pensei deles. Querem ver é bom futebol e entrega dos seus jogadores (daí se justifiquem aquelas enchentes durante dezoito anos de jejum, chegavam a ter médias de vinte e cinco mil adeptos por época no seu estádio). Os resultados virão por acréscimo.
Os adeptos do Porto são, em boa parte, saloios do norte do país, outra boa parte são adeptos proveniente das zonas pobres da cidade, outra parte significativa são oriundos da pequena e média burguesia e sobram alguns nomes de vulto e mais uns adeptos que são hoje do Porto como seriam do Benfica se estes estivessem no caminho das vitórias. Estes dão exemplos de sã convivência interna mostrando-se capazes (não julgava possível) de aplaudirem ex-atletas do clube que alinhem em clubes rivais.
Os adeptos benfiquistas são capazes de se afrontarem entre si, de assobiarem os futebolistas do próprio clube, de vituperarem quando o sua equipa deixa de humilhar outra que já perde por cinco zero e têm sobre eles uma desmesurada dimensão de grandeza. Rangel chegou a dizer que o Benfica é maior que portugal (o pê minúsculo não é um erro ortográfico, o Benfica também tem força na ortografia).

Sobre futebol, barman já leu alguns “posts” interessantes, no aviz de Francisco José Viegas (ilustre portista), no Desejo Casar, ou no Homem a Dias.



PS: Como adepto do F.C. Porto que sou, será justificável algum excesso de parcialidade. Miguel Sousa Tavares também se ressalvou no início das suas “Nortadas” na “A Bola”. A imparcialidade no futebol é um mito?

segunda-feira, agosto 25, 2003

XIII. Ser ouvido 

Não devesse lealdade a quem clama por um ouvido, e histórias havia a explorar. Mau grado, muito do que ouve se dilui no imenso campo das memórias. Ainda bem.
É bom lembrar as sensações de felicidade da vida, mas é bem mais importante não ser perseguido pelas negras recordações do passado. São demasiadas as palavras que ficam encravadas no interior de cada um de nós, e que teimam em não se soltar ao mundo.
Muitos precisam de dizer. Poucos sabem escutar.
É reconfortante saber que o simples acto de ouvir sem nada dizer, pode fazer toda a diferença.
Sei que sou ouvido de quem devia ser ouvido, mas não por mim.
Sei que era bom sentir de novo a ingenuidade da inocência para disfarçar o rosto do prenúncio tormentoso e sombrio.
Sei que sou a última companhia de um espírito suplicante a quem empresto o meu silêncio.
Só não sei dar a resposta, que todos desejam ouvir...

domingo, agosto 24, 2003

XII. Impessoalidade e ideias 

Depois de servidos uns G&T num fim de tarde calorosamente agoniante, barman viu-se obrigado a providenciar umas gemadas anti ressaca. Não sabe como é que a coisa se desenrolou. Certo é que, quiçá, pelo espírito ébrio, dissolveu mal o seguinte devaneio: “(...)cuja verdadeira identidade é desconhecida, procedimento aliás habitual nos carrascos, que assim evitam constrangimentos na sua vida social”, escrito no Glória Fácil (ou Gl?ria F?cil, decidam-se).
Eventualmente, estarei a fugir ao contexto do dito, mas ergueu-se a questão da impessoalidade na blogosfera.
Obviamente, que o autor (João Pedro Henriques), não pensava neste modestíssimo prosador (que pretensão a minha), não obstante, barman sentir-se visado no comentário.
Como é sabido, nem todos exercem o respeitável e imprescindível ofício de J.P.H. e, não têm por isso, as mesmas obrigações éticas inerentes ao exercício do jornalismo. Não há ninguém que defenda mais que do que barman, debates de peito aberto (ver post nºIV). Barman, como ilustre desconhecido que é, não observa a mínima diferença no uso de um nickname ou da verdadeira identidade. No contexto “blogosférico” é igual ao litro, mas não diz desta água não beberá... O algoz não é definitivo.
A propósito do assunto o farol já havia dito “Claro que há excepções, e essas excepções funcionam exactamente ao contrário nesses blogues só há o autor(a) e o resto é que é abstracto. Vejo a pessoa viva atrás. Mas acontece com menos blogues do que os dedos de uma só mão. A blogosfera é , para mim, impessoal.”

Barman sabe que a exposição tem consequências perversas e não vê necessidade de usar o BI para conferir maior ou menor seriedade às divagações aqui expostas. Não faz sentido.

E o que custa a digerir é esse hábito, bem enraizado no país, de se dar demasiado valor às pessoas em detrimento das ideias. Não me levem à letra! Falo de um modo geral, nada de más interpretações. É bom lembrar que este país, acredita em homens providenciais.

Chega-me à memória um exemplo simples que acho eloquente.
O Arq. Gonçalo Ribeiro Teles anda há décadas, décadas a defender uma outra forma de abordar o ordenamento do território, tendo inclusivamente avançado com projectos concretos. E o que observamos, a começar pelo nosso número um, passando pelo presidente da capital e acabando sabe-se lá em quem, é essa espécie de paternalismo traduzida num: -Sim, é bom homem sim senhor, mas isso é complicado, sabe... o país é assim, é assado... Olham para o homem e validam ou não a ideia. Fossem os mesmos assuntos defendidos por um grupo liderado por um eng. Azevedo e porventura as consequências seriam outras.

Resultado, pelo que se vê e lê, essa união de facto entre poder local e construtores civis (um dos piores males pós 25 de Abril), há-de ter consequências que ainda não são de todo visíveis. Basta lembrar que o país se vocaciona para o turismo. É no mínimo pouco inteligente desprezar ideias como as do Arq. Ribeiro Teles.


PS: Sei que boa parte dos blogs, quando surgem, fazem eco via e-mail do seu nascimento. Aqui o barman achou por bem, entre outras coisas, fazer ou não fazer determinadas acções. Uma delas foi não enviar e-mails para fins de marketing. Teimosias. Até hoje só enviou dois e-mails. Um deles foi para o Glória Fácil a propósito da TSF. Devem-me ter em muito boa conta. Não deram cavaco nenhum.

quarta-feira, agosto 20, 2003

XI. Conversas no ar 

- Quem?
- Esse mesmo.
- Mas...B.! Ele não é o mesmo que esteve...
- Sim!
- O tipo só teve o que merecia. Quem se mete nelas arrisca-se.
- Não diga isso Sr. Z., ele parecia ser boa gente.
- Boa gente? Qual boa gente, aquilo era um bom actor, astuto, sem escrúpulos, sedento de protagonismo.
- Olá B.! Tudo bem Z.?
- Olha o T!
- Então já sabes? Morreu o ...
- Sei pois! Coitado. Não o conhecia bem mas parecia um tipo decente.
- O Sr. Z. não pensa assim...
- Então Z.? O gajo tinha-os no sítio, sabes disso.
- Qual quê? É por isso que este país há-de ser sempre o país dos heróis mortos. Uns sorrisos para jornalista ver, prosápia q.b., olhar duro quando visto de perfil, no lugar certo no tempo certo e está feito o intrépido personagem.
- Oh Z.! Cinismo não soa bem contigo...
- Opah! Não me venhas com tretas. Sabes bem como a coisa funciona. O gajo tinha ar de duro. E até podia ser. Mas, depois de morto isso é coisa que não se questiona por aqui. É herói, é herói, é herói e assunto arrumado. Este tipo de sentenças de carácter, para o bem ou para o mal, pode durar até à eternidade...
- Z.! Z.! Z.! Não morrem todos os dias engenheiros com tijolos na cabeça a salvarem trolhas...
- Ouçam! Ouçam senhores! Morreu Sérgio Vieira de Mello!
- Xiii! Esse é que era um homem a sério. Daqueles que não engana ninguém. Que vai para guerra sem querer saber onde ela se desenrola. Daqueles...
- Hossana! Hossana! Caro Z., um bocadinho de coerência não te faria mal. Gostava de ver se este tivesse arrastado a asa pela C. ...
- Naaaa! Homens como este não se metiam por caminhos ínvios.
- Z. Será necessário lembrar-te que ele também era feito de carne e osso?


Assinale-se:
Qualquer semelhança com factos ou situações reais, é pura coincidência.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Clientes: