quarta-feira, outubro 01, 2003
XXVIII. "FatBoys", Santos e Margarida
(Como havia dito no post XIV, barman dedicará um espacinho ao futebol. De catorze em quatorze "postas", dirá de sua justiça sobre o tema que todos conhecem. Sendo um seguidor e amante do desporto-rei, não podia deixar de mandar as minhas biscas.
Mais logo, o F.C.P. jogará o seu quarto grande jogo do ano. Depois da Lázio, Celtic e Milão vem o D. Real. E, sabendo a história dos três primeiros jogos acima mencionados, só se pode esperar uma noite de futebol a sério).
Seguindo uma forma de apresentação usada por muitos dos nossos “opinion makers” (modéstia é comigo). Assim vão embrulhados estes rabiscos sobre futebol.
1. O prometido é devido. É certo, com algum atraso. Mas a disposição não era a melhor após a real derrota. Já não me lembrava (nem lembro), a última vez que o Porto perdeu com três golos nas suas redes. Restringindo o universo aos jogos efectuados nas Antas, mais difícil se torna recordar tal feito.
A única consequência amarga do jogo com o Real Madrid, teve a ver com o facto da equipa do Porto ter discutido o jogo, não se remetendo à sua defesa. E isso poder servir de argumento para os que defendem tácticas mais conservadoras. Claro que me lembro de Octávio. De resto, como já ouvi por aí, os adeptos do Porto têm esse privilégio de só verem a sua equipa perder frente a campeões europeus. Mas diga-se, face ao desenrolar do jogo, pareceu-me um resultado “pesadote”.
2. Aquele estrutura táctica concebida por Mourinho, fez-me sonhar numa noite de glória. Senão, reparem. Sabendo que é quase impossível tirar a bola aos jogadores do Real, nos pés de Zidane, então, ela ganha outra vida. A solução seria ficar com a posse da dita. Porquê? Primeiro porque o Real Madrid guardaria o talento para outras ocasiões. Segundo, pelo que se viu da equipa espanhola, esta não é muito de meter o pé quando perde a posse do caprichoso esférico. Parecia-me ousada a ideia de Mourinho. Mas era a única possível para conseguir derrotar os galácticos, com toda a categoria do futebol positivo.
Só que uns inauditos falhanços defensivos da equipa azul e branca e um Casillas em noite inspirada, deitaram tudo a perder. Agora é fácil falar. Mas se no lugar do nervoso Ricardo Fernandes, estivesse Alenitchev (lesionado) que sabe tratar bem a bola. Não sei se a história seria a mesma...
3. Vencida a batalha pela posse de bola, restava-nos apreciar a classe dos seus intérpretes. O Zidane é indiscutivelmente o melhor jogador do mundo. Mesmo a meio gás, é capaz de transformar um lance inócuo numa dor de cabeça para a equipa adversária. Também gostava de saber qual a dieta de Roberto Carlos. O homem quando mete o turbo, parece que ganha asas... Se estes já davam água pelas barbas à defesa portista, também um tal de Figo, se lembrou de testar o luso Nuno Valente (pensava, obviamente, no Euro 2004).
O Valência é que tem a culpa. Não bastava terem derrotado a armada espacial, lesionam o Beckam. Resultado. Entra na equipa o galáctico Solari. E mostrou, mais uma vez, a relação privilegiada com a baliza do Porto. Pensar que um jogador desta categoria (licenciado), se encontra normalmente no banco de suplentes...
4. Barman interroga-se, sobre a razão de tamanha embirração, que o nome Fernando Santos provoca a muito boa gente. A coisa não é exclusiva de sportinguistas. Lembro-me bem que muitos portistas, já nem podiam ver o homem. Que mal lhes fez Santos?
Em três anos de Porto ganhou, um campeonato, duas taças de Portugal, uma ou duas supertaças, levou a equipa, duas épocas consecutivas, aos quartos-de-final de uma competição europeia (a primeira chamava-se Liga dos Campeões e pela primeira vez o vencedor teria de fazer, no mínimo, 17 jogos de alto nível para conquistar o trofeu – o Porto fez 14 jogos e perdeu ingloriamente com o Bayern de Munique uma ida às meias-finais). Se isto não bastasse para valorizar o seu trabalho, é bom lembrar que os campeonatos que não ganhou, foram perdidos, somente, na última jornada. O último para o Boavista, que fez uma ponta final de campeonato brilhante vencendo noves jogos consecutivos. Tantos como o F.C.Porto. Mesmo assim, as panteras, não se livrariam de acabar o campeonato nas Antas, com quatro certeiros balázios. E por um ponto se foi um título. Não esquecer que Fernando Santos foi quem geriu a saída de Jardel substituído por um Pena que valeu 23 golos na primeira época de dragão ao peito. Fazendo esquecer o “supermário”. Tarefa que poucos julgavam possível.
Se isto ainda não chega recordem-se do bom trabalho que fez na Amadora e posteriormente na Grécia. Aí, numa época, venceu uma taça e perdeu o campeonato...na última jornada. Quando muito podem acusar o homem de azarento.
Mas o engenheiro tem ainda no seu activo o facto de ter sido o primeiro técnico a implementar por cá, a chamada pressão alta e de ser, porventura, o único da sua geração que alia competência com profissionalismo respirando “fair play”. Querem mais? O Mourinho já tem contrato.
5. Deverão ser poucos ou nenhuns os que até aqui chegaram. Mas aos estóicos leitores, prometo ser este o último ponto.
Uma das boas consequências destas derrotas futebolísticas, é procurar outro tipo de entretimento para não cismar em demasia no que não interessa. Às vezes dá-me para a leitura, outras para o cinema, esporadicamente para os copos. Na madrugada de quinta-feira colei-me ao televisor para ver o programa de Viegas. Convidada: Margarida Rebelo Pinto.
Se me perguntassem qual o livro que deixei a meio, diria que, um deles, foi o “Sei Lá”. Não. Não o comprei. Tive a oportunidade de o ler. Tentei. E por aí me fiquei.
No entanto é importante ressalvar o seguinte. A entrevista confirmou-o. Ela assume o que escreve e não se quer fazer passar por aquilo que não é. Sobre isto, tinha dúvidas. Fiquei esclarecido. Francisco J. Viegas bem tentou uma confissão tipo. “Sim, isto é um bom produto, concebido como qualquer outro proveniente do contexto publicitário" (onde trabalhou). Mas não. Concedeu esse tipo de abordagem para a capa e outras campanhas de promoção. Só isso.
O que me deixou deveras preocupado (e não fui o único), foi aquela tese de que “os homens que não gostam de futebol são muito mais interessantes”.
Tou tramado? Ou também sou excepção?
Nota: O Gonçalves que Margarida referiu não é o mesmo em que estou a pensar? Ou será?
Mais logo, o F.C.P. jogará o seu quarto grande jogo do ano. Depois da Lázio, Celtic e Milão vem o D. Real. E, sabendo a história dos três primeiros jogos acima mencionados, só se pode esperar uma noite de futebol a sério).
Seguindo uma forma de apresentação usada por muitos dos nossos “opinion makers” (modéstia é comigo). Assim vão embrulhados estes rabiscos sobre futebol.
1. O prometido é devido. É certo, com algum atraso. Mas a disposição não era a melhor após a real derrota. Já não me lembrava (nem lembro), a última vez que o Porto perdeu com três golos nas suas redes. Restringindo o universo aos jogos efectuados nas Antas, mais difícil se torna recordar tal feito.
A única consequência amarga do jogo com o Real Madrid, teve a ver com o facto da equipa do Porto ter discutido o jogo, não se remetendo à sua defesa. E isso poder servir de argumento para os que defendem tácticas mais conservadoras. Claro que me lembro de Octávio. De resto, como já ouvi por aí, os adeptos do Porto têm esse privilégio de só verem a sua equipa perder frente a campeões europeus. Mas diga-se, face ao desenrolar do jogo, pareceu-me um resultado “pesadote”.
2. Aquele estrutura táctica concebida por Mourinho, fez-me sonhar numa noite de glória. Senão, reparem. Sabendo que é quase impossível tirar a bola aos jogadores do Real, nos pés de Zidane, então, ela ganha outra vida. A solução seria ficar com a posse da dita. Porquê? Primeiro porque o Real Madrid guardaria o talento para outras ocasiões. Segundo, pelo que se viu da equipa espanhola, esta não é muito de meter o pé quando perde a posse do caprichoso esférico. Parecia-me ousada a ideia de Mourinho. Mas era a única possível para conseguir derrotar os galácticos, com toda a categoria do futebol positivo.
Só que uns inauditos falhanços defensivos da equipa azul e branca e um Casillas em noite inspirada, deitaram tudo a perder. Agora é fácil falar. Mas se no lugar do nervoso Ricardo Fernandes, estivesse Alenitchev (lesionado) que sabe tratar bem a bola. Não sei se a história seria a mesma...
3. Vencida a batalha pela posse de bola, restava-nos apreciar a classe dos seus intérpretes. O Zidane é indiscutivelmente o melhor jogador do mundo. Mesmo a meio gás, é capaz de transformar um lance inócuo numa dor de cabeça para a equipa adversária. Também gostava de saber qual a dieta de Roberto Carlos. O homem quando mete o turbo, parece que ganha asas... Se estes já davam água pelas barbas à defesa portista, também um tal de Figo, se lembrou de testar o luso Nuno Valente (pensava, obviamente, no Euro 2004).
O Valência é que tem a culpa. Não bastava terem derrotado a armada espacial, lesionam o Beckam. Resultado. Entra na equipa o galáctico Solari. E mostrou, mais uma vez, a relação privilegiada com a baliza do Porto. Pensar que um jogador desta categoria (licenciado), se encontra normalmente no banco de suplentes...
4. Barman interroga-se, sobre a razão de tamanha embirração, que o nome Fernando Santos provoca a muito boa gente. A coisa não é exclusiva de sportinguistas. Lembro-me bem que muitos portistas, já nem podiam ver o homem. Que mal lhes fez Santos?
Em três anos de Porto ganhou, um campeonato, duas taças de Portugal, uma ou duas supertaças, levou a equipa, duas épocas consecutivas, aos quartos-de-final de uma competição europeia (a primeira chamava-se Liga dos Campeões e pela primeira vez o vencedor teria de fazer, no mínimo, 17 jogos de alto nível para conquistar o trofeu – o Porto fez 14 jogos e perdeu ingloriamente com o Bayern de Munique uma ida às meias-finais). Se isto não bastasse para valorizar o seu trabalho, é bom lembrar que os campeonatos que não ganhou, foram perdidos, somente, na última jornada. O último para o Boavista, que fez uma ponta final de campeonato brilhante vencendo noves jogos consecutivos. Tantos como o F.C.Porto. Mesmo assim, as panteras, não se livrariam de acabar o campeonato nas Antas, com quatro certeiros balázios. E por um ponto se foi um título. Não esquecer que Fernando Santos foi quem geriu a saída de Jardel substituído por um Pena que valeu 23 golos na primeira época de dragão ao peito. Fazendo esquecer o “supermário”. Tarefa que poucos julgavam possível.
Se isto ainda não chega recordem-se do bom trabalho que fez na Amadora e posteriormente na Grécia. Aí, numa época, venceu uma taça e perdeu o campeonato...na última jornada. Quando muito podem acusar o homem de azarento.
Mas o engenheiro tem ainda no seu activo o facto de ter sido o primeiro técnico a implementar por cá, a chamada pressão alta e de ser, porventura, o único da sua geração que alia competência com profissionalismo respirando “fair play”. Querem mais? O Mourinho já tem contrato.
5. Deverão ser poucos ou nenhuns os que até aqui chegaram. Mas aos estóicos leitores, prometo ser este o último ponto.
Uma das boas consequências destas derrotas futebolísticas, é procurar outro tipo de entretimento para não cismar em demasia no que não interessa. Às vezes dá-me para a leitura, outras para o cinema, esporadicamente para os copos. Na madrugada de quinta-feira colei-me ao televisor para ver o programa de Viegas. Convidada: Margarida Rebelo Pinto.
Se me perguntassem qual o livro que deixei a meio, diria que, um deles, foi o “Sei Lá”. Não. Não o comprei. Tive a oportunidade de o ler. Tentei. E por aí me fiquei.
No entanto é importante ressalvar o seguinte. A entrevista confirmou-o. Ela assume o que escreve e não se quer fazer passar por aquilo que não é. Sobre isto, tinha dúvidas. Fiquei esclarecido. Francisco J. Viegas bem tentou uma confissão tipo. “Sim, isto é um bom produto, concebido como qualquer outro proveniente do contexto publicitário" (onde trabalhou). Mas não. Concedeu esse tipo de abordagem para a capa e outras campanhas de promoção. Só isso.
O que me deixou deveras preocupado (e não fui o único), foi aquela tese de que “os homens que não gostam de futebol são muito mais interessantes”.
Tou tramado? Ou também sou excepção?
Nota: O Gonçalves que Margarida referiu não é o mesmo em que estou a pensar? Ou será?