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terça-feira, agosto 19, 2003

X. Povo e televisão 

É complicado ter a verdadeira noção de certos acontecimentos, abstraindo-se da televisão. Consequência de múltiplos factores, barman, deve ser dos poucos portugueses que não viu as imagens do “apagão” norte-americano. Hoje, parece que passaram imagens de chuvas torrenciais do país vizinho e barman...népias. O pior é que nem que quisesse ver as ditas imagens dificilmente conseguiria. Usufruindo das frugais possibilidades disponibilizadas pelos quatro canais generalistas, resta-lhe resignar-se às condições proporcionadas por estes. Depois de uma breve observação da programação, repara que depois das 22 horas, só a RTP oferece um serviço noticioso. E bem poupadinho...
Claro que há a tv por cabo ou a tv via satélite, mas isso tem os seus custos económicos.
Bem gostaria de poder ver a SIC Notícias. Um canal português com serviços noticiosos actualizados, com debates sobre diversos assuntos e com intervenientes habilitados para tal. Barman já se contentava só com este, mas...

Isto por si só vale o que vale. Podia ser visto como um caso pontual e teria a importância devida. Certo é que, rebuscando um pouco mais o assunto, conclui-se que o povo não tem ao seu dispor, um serviço noticioso decente e acessível. Isto no que concerne à TV, porque ter ainda vai tendo. Penso na TSF, mas por aí o futuro também é nebuloso.

Outro factor inquietante tem a ver com as consequências que tal situação pode acarretar para o povo. Um maior alheamento deste pelo que é, de facto, importante. E quando se fala de povo, pensa-se naqueles grupos que ainda são sensíveis à mudança. Pensa-se naqueles que ainda podem ser formados e fugir ao processo de “estupidificação”.

Será que algum sociólogo tem noção, da verdadeira revolução provocada pelo aparecimento dos canais privados de televisão? E concretamente de alguns programas da SIC como o “Terça à Noite” ou “Noite da Má Língua”?

O “Terça à Noite”, como se recordarão os mais atentos, era um programa de debate com convidados a alternarem consoante o tema. Tinha como moderador Miguel Sousa Tavares e comentadores fixos, António Barreto e... José Pacheco Pereira.
Este programa a começar pela sua estrutura e ritmo, passando pelo rico leque de temas debatido (como a eutanásia) acabando nos cenários, (quebra absoluta com o cinzentismo da RTP), ofereceu ao povo momentos inolvidáveis de boa televisão. Recordo ainda, temas lançados em debate que foram verdadeiros “desbloqueadores” de conversa nos dias posteriores ao programa.

O “Noite da Má Língua” era na sua estrutura e concepção completamente distinto do Terça à Noite. Reconheço momentos menos felizes do programa, mas no cômputo geral constituiu algo de absolutamente delirante para mentes ávidas de mudança. Tinha como “moderadora” Júlia Pinheiro e do seu quadro fizeram parte nomes como Miguel Esteves Cardoso, Rui Zink, Luis Coimbra, Alberto Pimenta, Manuel Serrão, Fernando Alves...

Vivia Portugal em pleno cavaquismo.

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